Putin diz que guerra continua e faz nova ameaça nuclear

direitaonline



O presidente russo, Vladimir Putin, emitiu nesta terça-feira (21) um alerta nuclear ao Ocidente sobre a Ucrânia, suspendendo um tratado histórico de controle de armas nucleares, anunciando que novos sistemas estratégicos foram colocados em serviço de combate e alertando que Moscou pode retomar os testes nucleares.

Falando quase um ano depois de ordenar uma invasão que desencadeou o maior confronto com o Ocidente desde a crise dos mísseis cubanos de 1962, Putin disse que a Rússia alcançaria seus objetivos de guerra e acusou o Ocidente de tentar destruir a Rússia.

“As elites do Ocidente não escondem seu propósito. Mas também não podem deixar de perceber que é impossível derrotar a Rússia no campo de batalha”, disse Putin à elite política e militar de seu país.

Advertindo os Estados Unidos de que estavam transformando a guerra em um conflito global, Putin disse que a Rússia estava suspendendo a participação no Novo Tratado START, o último grande tratado de controle de armas entre Moscou e Washington.

Assinado pelo então presidente dos EUA, Barack Obama, e seu homólogo russo, Dmitry Medvedev, em 2010, o tratado limita o número de ogivas nucleares estratégicas implantadas que os Estados Unidos e a Rússia podem implantar. Estava previsto para expirar em 2026.

“Sou forçado a anunciar hoje que a Rússia está suspendendo sua participação no Tratado de Redução de Armas Estratégicas”, disse Putin.

O líder russo disse que algumas pessoas em Washington estavam pensando em retomar os testes nucleares. O ministério da defesa e a corporação nuclear da Rússia devem, portanto, estar prontos para testar armas nucleares russas, se necessário, disse ele.

“É claro que não faremos isso primeiro. Mas se os Estados Unidos conduzirem testes, então faremos. Ninguém deve ter ilusões perigosas de que a paridade estratégica global pode ser destruída”, disse Putin. “Há uma semana, assinei um decreto para colocar novos sistemas estratégicos terrestres em serviço de combate. Eles também vão meter o nariz nisso ou o quê?”

Não ficou imediatamente claro quais sistemas terrestres foram colocados em serviço de combate. Putin disse que a Ucrânia tentou atacar uma instalação nas profundezas da Rússia, onde alguns de seus bombardeiros nucleares estão baseados, uma referência à base aérea de Engels.

A Rússia e os Estados Unidos têm vastos arsenais de armas nucleares remanescentes da Guerra Fria e continuam sendo, de longe, as maiores potências nucleares. Juntos, eles detêm 90% das ogivas nucleares do mundo.

O Novo Tratado START limitou ambos os lados a 1.550 ogivas em mísseis balísticos intercontinentais implantados, mísseis balísticos submarinos e bombardeiros pesados. Ambos os lados atingiram os limites centrais em 2018.

Aviso do Kremlin
Em essência, Putin está alertando que pode desmantelar a arquitetura do controle de armas nucleares – incluindo a moratória das grandes potências sobre testes nucleares – a menos que o Ocidente recue na Ucrânia.

A China, cujo principal diplomata Wang Yi chegou a Moscou na terça-feira, alertou contra qualquer escalada nuclear na guerra da Ucrânia.

O conflito na Ucrânia é de longe a maior aposta de um chefe do Kremlin desde pelo menos a queda da União Soviética em 1991 – e uma aposta que líderes ocidentais como o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que visitou Kiev na segunda-feira, dizem que ele deve perder.

As forças russas sofreram três grandes reveses no campo de batalha desde o início da guerra, mas ainda controlam cerca de um quinto da Ucrânia. Dezenas de milhares de homens foram mortos em ambos os lados.

Falando por uma hora e 45 minutos abaixo de um grande emblema com a águia de duas cabeças da Rússia e ladeado por um total de oito bandeiras tricolores da Rússia, Putin prometeu continuar até atingir seus objetivos na Ucrânia.

Putin acusou a aliança da OTAN, liderada pelos EUA, de atiçar as chamas do conflito na crença equivocada de que poderia derrotar Moscou em um confronto global. “Eles pretendem transformar um conflito local em uma fase de confronto global. É exatamente assim que entendemos tudo e vamos reagir de acordo, porque neste caso estamos falando da existência de nosso país”, disse Putin.

Os Estados Unidos dizem estar preocupados que Pequim possa estar considerando fornecer armas para a Rússia, uma medida que arriscaria uma potencial escalada da guerra na Ucrânia para um confronto entre a Rússia e a China de um lado, e a Ucrânia e a aliança militar da OTAN, liderada pelos EUA, do outro.

Mais Guerra
Além da promessa de continuar a guerra e dos alertas ao Ocidente sobre um confronto global, Putin também procurou justificar a guerra, dizendo que ela foi ‘imposta’ à Rússia e que ele ‘entendia’ a dor das famílias daqueles que morreram em batalha.

O Ocidente e a Ucrânia rejeitam essa narrativa e dizem que a expansão da Otan para o leste desde o fim da Guerra Fria não é justificativa para o que eles dizem ser uma apropriação de terras no estilo imperial fadada ao fracasso. “O povo da Ucrânia se tornou refém do regime de Kiev e de seus senhores ocidentais, que efetivamente ocuparam este país no sentido político, militar e econômico”, disse Putin.

A Rússia nunca cederia às tentativas ocidentais de dividir sua sociedade, disse o chefe do Kremlin, de 70 anos, acrescentando que a maioria dos russos apoia a guerra. “Eles pretendem transformar um conflito local em uma fase de confronto global. É exatamente assim que entendemos tudo e vamos reagir de acordo, porque neste caso estamos falando da existência do nosso país.”


Fonte: Reuters
Foto: Tass

Gostou? Compartilhe!
Next Post

Sobe para 44 o número de mortes causadas por chuvas no litoral norte de SP

O número de mortes causadas pela chuva forte que atingiu o litoral de São Paulo no último fim de semana subiu para 44, de acordo com o governo do estado, às 10h30 desta terça-feira (21). Desse total, 39 óbitos foram constatados em São Sebastião e 1 em Ubatuba: uma menina […]