A Polícia Civil do Paraná (PC-PR) informou, nessa sexta (10), ter encontrado ossada que corresponde ao resultado genético de Leandro Bossi, menino de sete anos que desapareceu em Guaratuba, no litoral do Paraná, em 15 de fevereiro de 1992.
Segundo a PC-PR, fragmentos de oito ossadas foram encaminhados para análise e o primeiro resultado já correspondeu ao da mãe de Leandro, Paulina Bossi, com 99,99% de compatibilidade. Os resultados das outras sete ainda não foram revelados e podem indicar outras pessoas que teriam desaparecido.
Com os restos mortais identificados, o inquérito para o desaparecimento do garoto será encerrado, mas o que visava apurar o possível assassinato prosseguirá. O governo paranaense ainda não detalhou onde a ossada foi encontrada e analisada, nem quando o resultado genético foi concluído.
Segundo o secretário estadual de Segurança Pública do Paraná, Wagner Mesquita, programas implementados pelos governos federal e estadual permitiram a coleta de material genético de familiares de pessoas desaparecidas. O cruzamento desses dados possibilitou a identificação de uma ossada como sendo a de Leandro Bossi.
“É um trabalho que tem avançado com mais celeridade nos últimos anos. A integração das forças de segurança e o trabalho em parceria com a União, além dos avanços tecnológicos, estão ajudando o Estado a responder casos complexos e que demandavam resposta”, afirmou o secretário.
A identificação é resultado da integração entre as forças de segurança e aconteceu após a coleta das amostras de fragmentos armazenados na Polícia Científica e o confronto com o DNA de familiares do menino. Em outro trabalho similar, o Estado identificou, em 2019, o autor do crime contra a menina Rachel Genofre.
Essa resolução é fruto do trabalho do banco genético do Estado, que integra a Campanha Nacional de Coleta de DNA de Pessoas Vivas Sem Identificação, do Ministério da Justiça e Segurança Pública. O andamento dos procedimentos contou com o apoio do Ministério e da perícia da Polícia Federal.
LINHA DO TEMPO – Leandro Bossi desapareceu durante um show, em Guaratuba, no dia 15 de fevereiro de 1992. Naquele mesmo ano, no dia 6 de abril, outro menino, Evandro Caetano, de 6 anos de idade, também desapareceu na cidade.
No ano passado, o Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride), da Polícia Civil, fez coletas de materiais genéticos dos familiares de Leandro. Através de um teste de DNA Mitocondrial, com recursos diferentes dos tradicionais, foi constatada a identidade da amostra da mãe do menino, na comparação com os fragmentos encaminhados pela Polícia Científica.
Para o perito responsável pelo caso, Marcelo Malaghini, coordenador do Laboratório de Genética Molecular Forense da Polícia Científica, o trabalho do Banco Genético foi de extrema importância para chegar a esse resultado depois de tanto tempo.
“O exame genético hoje traz uma segurança muito maior, comparada há 30 anos, quando foram feitas as primeiras análises. Naquela época não havia laboratórios de polícia no Brasil, hoje temos um potencial em análises genéticas, principalmente com esta possibilidade”, afirma.