O novo procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresentou denúncia ao STF (Supremo Tribunal Federal) nesta terça-feira (23) contra a deputada Carla Zambelli (PL-SP) sob acusação de ter ordenado um ‘ataque hacker’ ao sistema do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e a confecção de um falso mandado de prisão contra Alexandre de Moraes.
Indicado por Lula em dezembro passado, é a primeira denúncia apresentada por Gonet ao STF desde que assumiu o comando da PGR (Procuradoria-Geral da República).
Gonet acusa a deputada de ter cometido os crimes de “invasão de dispositivo de informática e falsidade ideológica”. O hacker Walter Delgatti, que executou a invasão, também foi denunciado pela PGR.
“Zambelli comandou a invasão a sistemas institucionais utilizados pelo Poder Judiciário, mediante planejamento, arregimentação e comando de pessoa com aptidão técnica e meios necessários ao cumprimento de tal mister, com o fim de adulterar informações, sem autorização expressa ou tácita de quem de direito”, diz o texto da denúncia.
A denúncia é pela prática de 10 crimes:
7- crimes do artigo 154-A e par. 2 do CP (invasão de dispositivo informático);
3- crimes do artigo 299 do CP (falsidade ideológica), por terem inserido documentos ideologicamente falsos no sistema informático.
Zambelli entrou na mira da Polícia Federal depois que o hacker Walter Delgatti afirmou ter recebido pagamentos da equipe da deputada para realizar a invasão ao CNJ. Ele alega que Zambelli queria uma ‘invasão’ aos sistemas da Justiça Eleitoral, mas que não conseguiu executar essa ordem.
A invasão do site do CNJ, segundo investigação da Polícia Federal, aconteceu em novembro de 2022. Em 4 de janeiro de 2023, Delgatti inseriu documentos falsos no sistema do órgão, como um mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), assinado pelo próprio magistrado.
O hacker disse à PF que Zambelli redigiu o falso mandado, o que ela nega. Delgatti também colocou no sistema uma falsa quebra de sigilo das contas bancárias do ministro.
A PF rastreou pagamentos de um assessor de Zambelli para Walter Delgatti. Na época da revelação desses fatos, Zambelli negou relação com a invasão ao sistema do CNJ e disse ter contratado o hacker para reformular suas redes sociais. A defesa da deputada ainda não se manifestou sobre a denúncia.
Delgatti está preso desde agosto por causa da investigação do hackeamento do CNJ. Em depoimento à PF, ele confessou o crime e acusou a participação da deputada federal.
No final de fevereiro deste ano, a PF concluiu o inquérito sobre a invasão e indiciou o hacker e a deputada por suspeita de terem cometido os crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica.
O relatório da PF foi analisado pela Procuradoria-Geral da República. A PF não encontrou trocas de mensagens entre Zambelli e Delgatti (ele relatou aos investigadores que apagava as conversas ‘por precaução’). Contudo, a PF relata que foram achados nos equipamentos pessoais apreendidos de Zambelli quatro documentos falsos inseridos criminosamente pelo hacker no sistema do CNJ
Na versão da PF, foi Zambelli que, após instigar o hacker a cometer a invasão do CNJ, divulgou o documento a jornalistas com o objetivo de difundir suspeitas sobre a credibilidade do Judiciário. E mais: Relatório de Moraes mostra que 88 pessoas continuam presas por atos de ‘8 de Janeiro’. Clique AQUI para ver. (Foto: Agência Câmara; Fonte: UOL)