A Polícia Federal concluiu o inquérito sobre a invasão do sistema do ‘Conselho Nacional de Justiça’ (CNJ), ocorrida em 4 de janeiro de 2023, e indiciou o hacker Walter Delgatti Neto e a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) por suspeita de terem cometido diversos crimes, incluindo invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica.
No hackeamento do CNJ, foram inseridos documentos falsos, como uma ordem de prisão fictícia contra Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), com uma assinatura falsificada.
O relatório da PF será avaliado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que decidirá sobre a possível denúncia contra Carla Zambelli ao STF. Se a denúncia for aceita, iniciará-se uma ação penal, com o relator no STF sendo Moraes.
Em nota, o advogado de Zambelli, Daniel Bialski, afirmou que ela não solicitou a Delgatti a invasão do sistema do CNJ. “A defesa da deputada Carla Zambelli, embora ainda não tenha analisado detalhadamente os novos documentos e o relatório da Polícia Federal, REITERA que ela NUNCA solicitou a Walter Delgatti que realizasse invasões em sistemas ou cometesse qualquer ilegalidade”, declarou o advogado.
O advogado de Delgatti, Ariovaldo Moreira, disse que não ficou surpreso com o indiciamento, pois Delgatti confessou sua participação na invasão do CNJ desde sua prisão. “O indiciamento de Carla Zambelli confirma que Walter colaborou com a justiça, revelando a PF a pessoa que instigou e financiou seus atos. Além disso, a defesa buscará novamente a liberdade de Walter, já que não há motivo para mantê-lo preso, uma vez concluída a investigação”, afirmou Moreira.
Em agosto de 2022, Zambelli levou Delgatti para um encontro com Bolsonaro no Palácio da Alvorada para discutir urnas eletrônicas.
A PF não encontrou trocas de mensagens entre Zambelli e Delgatti. O hacker, porém, alegou apagar as conversas por ‘precaução’. Contudo, foram descobertos nos dispositivos pessoais de Zambelli, apreendidos em agosto, quatro desses documentos falsos inseridos pelo hacker no sistema do CNJ.
Para a polícia, Zambelli, após incentivar Delgatti a invadir o CNJ, divulgou o documento a jornalistas para questionar a credibilidade do Judiciário.
Nas redes sociais, a parlamentar explicou os documentos em seu celular: ‘Mas quando o hacker incluiu o pedido de prisão do Alexandre de Moraes, aparentemente alguém me mandou e eu baixei o documento no meu celular e abri para ler. ASSIM COMO TODO MUNDO QUE TOMOU CONHECIMENTO DO OCORRIDO.'”
Para quem não seu o porquê do meu indiciamento de ontem, pela PF.
Concluíram que eu não paguei nada ao hacker, que eu não pedi nada ao hacker: IMPORTANTE.
Mas quando o hacker incluiu o pedido de prisão do Alexandre de Moraes, aparentemente alguém me mandou e eu baixei o…
— Carla Zambelli (@Zambelli2210) March 1, 2024