Negócio entre Petrobras e Unigel pode significar prejuízo de meio bilhão à estatal

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A jornalista Malu Gaspar, do jornal O Globo, revela em sua reportagem de hoje (14) um intricado negócio entre a Petrobras e a Unigel, que poderá acarretar um prejuízo significativo de quase R$ 500 milhões.

A Unigel, definida pela jornalista como “uma fabricante de fertilizantes com bons amigos no governo”, arrendou duas fábricas da Petrobras em 2019, durante o governo Bolsonaro, em um momento em que a estatal buscava se desfazer de negócios menos rentáveis e busca a privatização.

Inicialmente, a Unigel obteve lucros devido à escassez de matéria-prima e à alta no preço do fertilizante, mas em 2023 a empresa passou a operar no vermelho, levando ao fechamento das fábricas.

“Entraram em campo, então, os contatos no governo Lula 3.0, e em 29 de dezembro de 2023 as duas empresas fecharam um acordo sui generis”, revela a jornalista.

Em dezembro de 2023, a Petrobras e a Unigel firmaram um acordo peculiar, no qual a petroleira forneceria gás à Unigel e receberia fertilizantes em troca, para serem vendidos no mercado.

No entanto, os preços do gás estão em alta e os do fertilizante em queda, o que levou o Tribunal de Contas da União (TCU) a estimar um prejuízo de R$ 487 milhões para a Petrobras caso o acordo seja mantido.

A diretoria da Petrobras justifica o contrato argumentando que o prejuízo em financiar a Unigel é menor do que o de fechar definitivamente as unidades.

O ministro do TCU Benjamin Zymler questiona como o fechamento de uma empresa privada com 255 funcionários poderia paralisar toda a Petrobras.

Ainda de acordo com a jornalista de O Globo, após o relatório do TCU, surgiram alertas sobre pressões sobre técnicos para validar o contrato, o que levou a uma auditoria interna na Petrobras.

Um deles dizia que funcionários do setor de recursos humanos tinham sido levados a endossar o cálculo do risco de greve para justificar o acordo. Iniciou-se, então, uma auditoria interna que coletou e-mails, apreendeu celulares e interrogou vários executivos.

Malu Gasper encerra seu texto da seguinte forma: “A questão é que, da mesma forma que a queda na Bolsa não foi provocada apenas pela retenção do dividendo extra, e sim pelo temor de uma volta ao intervencionismo do passado, o caso da Unigel também não preocupa apenas por causa do valor, e sim pelo que traz de volta. Diz a sabedoria popular que nenhum incêndio começa grande. E, para quem já foi todo chamuscado, qualquer faísca já provoca calafrios.”. (Foto: Lula e Jean Paul Prates, presidente da Petrobras; Palácio do Planalto)

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