A maior parte dos economistas consultados pelo Banco Central (BC) avaliou que o cenário fiscal brasileiro apresentou piora entre novembro e dezembro de 2024. A reportagem é da Folha de SP. Clique AQUI para apoiar nosso trabalho independente.
De acordo com o questionário enviado pela instituição antes da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), 78% dos 110 respondentes identificaram uma deterioração no quadro fiscal. Outros 14% afirmaram que não houve mudanças significativas, enquanto apenas 8% perceberam melhora no período.
O levantamento serviu como base para as deliberações sobre a taxa básica de juros (Selic), que foi elevada em 1 ponto percentual, atingindo 12,25% ao ano na última reunião de 2024, realizada em 11 de dezembro.
O envio das perguntas ao mercado coincidiu com o anúncio de um pacote de contenção de gastos apresentado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Apesar da promessa de economizar R$ 327 bilhões, o plano enfrentou ceticismo. Do total, R$ 72 bilhões seriam economizados em 2025 e 2026, enquanto os R$ 255 bilhões restantes estariam previstos para o período entre 2027 e 2030. Para analistas, o governo ainda não deu garantias concretas de que esses resultados serão alcançados.
Além das dúvidas fiscais, fatores como a disparada do dólar, que ultrapassou os R$ 6, e os novos números do Produto Interno Bruto (PIB) impactaram as revisões no cenário econômico às vésperas do encontro do Copom.
Expectativas divergentes sobre a Selic
A pesquisa do BC revelou que a maioria do mercado financeiro (78%) acreditava em uma alta de 0,75 ponto percentual na Selic na reunião de dezembro. Apenas 13% projetavam o aumento de 1 ponto, que acabou sendo decidido pelo Copom.
Já em relação ao que deveria ser feito, os economistas se dividiram: 43% defendiam a elevação de 0,75 ponto, enquanto 36% apoiavam um aumento mais agressivo de 1 ponto percentual.
Para as reuniões de 2025, sob a liderança do futuro presidente do BC, Gabriel Galípolo, as expectativas também variaram. Na reunião de janeiro, 68% dos entrevistados esperavam uma alta de 0,75 ponto percentual, enquanto apenas 16% projetavam o aumento de 1 ponto. A mesma divisão foi registrada quando questionados sobre o que deveria ser feito, com 35% defendendo cada uma das opções.
Já para março, a maioria (54%) apostava em um aumento mais moderado de 0,5 ponto, com apenas 4% esperando uma nova alta de 1 ponto percentual. A sinalização de que o Copom prevê mais duas elevações de 1 ponto em 2025 surpreendeu os economistas. Clique AQUI para apoiar nosso trabalho independente. E mais: São Paulo aprova Lei para transporte aéreo de pets. Clique AQUI para ver. (Foto: EBC; Fonte: Folha de SP)