A construtora brasileira Odebrecht e a Bento Pedroso Construções, que integra o grupo que esteve envolvido no caso Lava Jato, ganharam um contrato de 1,2 mil milhões de dólares (cerca de 1,1 mil milhões de euros) no setor ferroviário em Angola. As informações são da Agência Lusa, de Portugal.
A empresa construirá a linha Luena-Saurimo, que vai da zona de Benguela até ao Moxico. O chefe de Estado angolano autorizou a despesa de 1.168 milhões de dólares, por ajuste direto, para a construção deste troço de 260 quilómetros.
A imprensa brasileira também destaca a notícia, indicando que a presidência de Angola defende que o investimento é necessário para melhoria do transporte ferroviário, volume de mercadorias e número de passageiros.
Para o presidente de Angola, é igualmente importante “dinamizar o projeto Planagrão, cujo objetivo é impulsionar as indústrias e seus derivados com foco nas províncias da lunda Norte, Lunda Sul, Moxico e Cuando Cubango”.
Este não é o primeiro contrato recente assinado pela empresa brasileira no país africano. A Odebrecht foi contemplada com contrato para as obras de uma refinaria na província de Cabinda, cujo valor total é de US$ 920 milhões (cerca de R$ 5 bilhões). A expectativa é de processamento de 60 mil barris diários de petróleo cru.
Em setembro de 2021, a empreiteira ganhou a construção do Terminal Oceânico da Barra do Dande, perto da capital, Luanda, por US$ 548 milhões (cerca de R$ 3 bilhões). A obra terá capacidade para armazenamento de 580 mil metros cúbicos de combustível refinado.
Em dezembro de 2016, alvejada pela Operação Lava Jato, a Odebrecht fechou um acordo de leniência com o Departamento de Justiça dos EUA, em que admitiu pagamento de suborno para altos funcionários de diversos países.
Segundo reportagem da Folha de SP, só em Angola teriam sido US$ 50 milhões (equivalente a cerca de R$ 275 milhões) pagos ilegalmente entre 2006 e 2013, embora suspeite-se que o valor real tenha sido muito maior, dada a relação umbilical da empresa com o regime desde a década de 1980. Além disso, a Odebrecht também oferecia ‘mimos’ ao presidente Dos Santos, como bancar parte de suas campanhas eleitorais, conforme revelado pelo casal de publicitários João Santana e Mônica Moura em acordo de delação premiada.