O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) publicou uma carta aberta em suas redes sociais nesta quarta-feira (12 de março de 2025) para se defender de críticas que vem recebendo de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O parlamentar, que já foi alvo de questionamentos por decisões como o apoio a Pablo Marçal na eleição municipal de São Paulo, a tentativa de reduzir a idade mínima para candidaturas ao Senado e, mais recentemente, por se reunir com Renato “38tão” – um influenciador crítico de Bolsonaro –, usou o texto para reafirmar seus valores e contestar a postura de seus detratores.
Nos últimos meses, Nikolas tem enfrentado um racha com parte da base de direita, que o acusa de se distanciar da liderança de Bolsonaro e de priorizar uma agenda própria. Em resposta, o deputado classificou os ataques como “covardes e desonestos” e criticou a falta de maturidade de seus opositores.
“É gente que simula virtude e boa intenção, que finge estar movida por algum nobre propósito, mas que em verdade, age em função de sentimentos e interesses que talvez não admitem nem pra si mesmos”, escreveu, sugerindo que as críticas têm motivações pessoais e não estratégicas.
O parlamentar também justificou sua postura de não atacar indiscriminadamente os insatisfeitos com Bolsonaro, argumentando que essa tática é ineficaz para ampliar o apoio ao ex-presidente.
“A minha postura de não sair esculhambando descontroladamente qualquer um que tenha nutrido alguma insatisfação pelo Presidente após o seu governo é simples: ele precisa de apoio e, por incrível que pareça, xingar aos quatro cantos não me parece a mais inteligente e eficiente de conseguir isso”, afirmou Nikolas.
Ele questionou a lógica de ofender potenciais aliados, comparando-a a “apedrejar Paulo por estar pregando para os Romanos”, numa referência bíblica.
No texto, Nikolas reafirmou seu compromisso com princípios éticos, mesmo que isso custe apoio político, e acusou os críticos de desviarem o foco de problemas maiores, como a “ditadura cruel” que, segundo ele, subverte a democracia no Brasil, prende inocentes e conduz o país ao “caos econômico”.
Ele desafiou os detratores a revisarem seu histórico de luta, como na CPMI do 8 de janeiro, e pediu que priorizem a construção em vez de “intriguinhas e fofocas”. A carta termina com um apelo por foco nas “forças gigantescas” que o país enfrenta, rejeitando narrativas contra ele como perda de tempo. Leia abaixo na íntegra.
“Faço esse post tão somente para me dirigir àquelas pessoas que, por ingenuidade e inocência, possam estar sendo afetadas e induzidas à erro pela campanha de ataques covardes e desonestos que venho sofrendo há meses.
É gente que simula virtude e boa intenção, que finge estar movida por algum nobre propósito, mas que em verdade, age em função de sentimentos e interesses que talvez não admitem nem pra si mesmos. E não direciono a um somente, mas a vários, que exigem um maturidade em mim, que está ausente neles mesmos.
Me movo de acordo com os valores e convicções, e não com base em um manual de conduta saído da mente de quem se imagina, por alguma razão, ter relevância, grandeza e moral para ser fiscal da conduta alheia. Não vou parar, nem mesmo ser submisso ao medo do julgamento e ataques coordenados dos perfis falsos que fazem suas opiniões parecerem ter eco no povo ou serem relevantes no mundo real.
A minha postura de não sair esculhambando descontroladamente qualquer um que tenha nutrido alguma insatisfação pelo Presidente após o seu governo é simples: ele precisa de apoio e, por incrível que pareça, xingar aos quatro cantos não me parece a mais inteligente e eficiente de conseguir isso.
É realmente difícil imaginar que nos últimos meses alguma alma viva insatisfeita tenha pensado “É, tem razão, vou votar no Bolsonaro” logo após ter sido chamado de mau caráter, burro, desleal, aproveitador, psicopata, traidor, vagabundo” por algum autodenominado fiel escudeiro do Presidente.
Falar apenas para convertidos, dedicar-se a brigas intermináveis que não fazem nenhum sentido para quem olha de fora, é ajudar a direita? É como apedrejar Paulo por estar pregando para os Romanos – já que foram eles mesmos que crucificaram Jesus. Não faz sentido algum.
Não temo os riscos de me manter fiel a meus princípios e valores, em ser verdadeiro e honesto; se tiver que perder apoiadores, poder político, que seja, estou disposto a pagar o preço, pois quem acredita que vale a pena abrir mão de valores e princípios para se chegar a algum lugar, em verdade nunca os teve em seu coração.
E para aqueles que tem alguma dúvida sobre o que me move e em que acredito, peço que reflitam: vivemos em um País em que se encontra instaurada uma ditadura cruel, que subverteu toda a ordem democrática, aprisionou pessoas inocentes – que ainda continuam tolhidas em sua liberdade e do convívio de sua família -, e que foi responsável pela morte do Clezão, despedaçando o futuro e esperanças de uma família inteira; um País em que o povo tem necessidades básicas, e cujo Presidente trabalha de maneira irresponsável e inconsequente para nos conduzir ao caos econômico e financeiro.
E alguém que, ao invés de combater todo o mal que assola nosso povo, esteja preocupado em gastar seu tempo, energia e capacidade tão somente para atacar e criticar um dos parlamentares que mais lutou contra e expôs esse estado de coisas nos últimos anos, é realmente movido por virtudes e preocupações legítimas com o bem comum? A resposta todo mundo já tem.
Aliás, procurem no histórico das redes sociais onde estavam e o que estavam falando esses tão bem intencionados críticos nos piores momentos, quando prisões estavam ocorrendo e incertezas quanto ao futuro reinavam, e estávamos eu e outros colegas parlamentares, com coragem quase suicida, lutando por justiça na CPMI do 8.1. Ou quando, ao longo desses três últimos anos, por inúmeras vezes me expus e me arrisquei para lutar contra o estado de coisa em que vivemos.
Sugiro que cada um faça o seu trabalho e conduza as suas ações de acordo com aquilo que acredita, e o futuro, e o povo, dirão quem está com a razão. Construam, ao invés de tentarem destruir quem o faz. Certamente ninguém, muito menos o Brasil, ganha alguma coisa com intriguinhas e fofocas, quando temos forças gigantescas para enfrentar.
Repito: você que está aí, lendo e pensando que esse texto é sobre você, acredite, não é! Você não é tão importante.
Parem de perder tempo falando mentiras e criando narrativas contra mim, que eu continuo o meu trabalho olhando para a frente, para o que precisa ser feito, sem ter que algum dia, perder tempo falando verdade sobre vocês – ou quem se esconde atrás de vocês.” (Foto: Ag. Câmara)