O mais novo e ambicioso projeto naval da Coreia do Norte terminou em desastre. Durante uma cerimônia acompanhada pessoalmente por Kim Jong-un, o país viu naufragar seu destróier de 5 mil toneladas, logo no momento do lançamento ao mar. Veja imagens de satélite ao fim da reportagem.
O acidente, que envolveu o maior navio de guerra já construído por Pyongyang, evidenciou falhas estruturais graves e provocou a prisão de engenheiros e autoridades envolvidas no projeto.
Imagens de satélite confirmaram que a embarcação de aproximadamente 143 metros de comprimento tombou parcialmente ao ser lançada lateralmente no mar, prática comum em estaleiros, mas inédita na Coreia do Norte.
O navio afundou de lado, com a popa parcialmente submersa e a proa ainda apoiada na plataforma. O local onde Kim estaria assistindo à cerimônia também aparecia ainda em construção.
A embarcação havia sido construída no estaleiro da cidade portuária de Chongjin, no nordeste do país. Até então, o local era especializado na produção de embarcações menores, como cargueiros e barcos de pesca.
Analistas do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), com sede em Washington, afirmaram que o estaleiro “inegavelmente” carecia da experiência e infraestrutura necessárias para esse tipo de operação.
Em contraste com o sucesso no lançamento do primeiro destróier da classe Choe Hyon, realizado em Nampo semanas antes, o projeto em Chongjin fracassou por não dispor de recursos como um dique seco adequado.
Na cerimônia em Nampo, Kim e sua filha, Kim Ju-ae, participaram de um evento repleto de confetes, fogos de artifício e um ambiente preparado para exibir o poderio naval. O navio foi construído em um galpão coberto, colocado em um dique flutuante e lançado com segurança.
Em Chongjin, a história foi diferente. Sem dique e sem uma rampa para lançamento pela popa, os engenheiros recorreram ao lançamento lateral. Apesar de comum em vários países, essa técnica exige cálculos precisos e infraestrutura robusta.
No caso norte-coreano, o peso das armas instaladas no destróier pode ter desequilibrado a embarcação no momento do lançamento. Rebocadores, que costumam auxiliar nesse tipo de manobra, não estavam visíveis nas imagens de satélite.
Após o naufrágio, a Agência Central de Notícias da Coreia (KCNA) anunciou a prisão de três funcionários do estaleiro, incluindo o engenheiro-chefe, além de um alto funcionário da área de armamentos. Kim Jong-un teria considerado o fracasso um “ato criminoso” e atribuído a responsabilidade ao Departamento da Indústria de Munições, à Universidade de Tecnologia Kim Chaek e ao escritório central de projetos de navios.
O regime informou que tentaria recuperar o navio bombeando a água do interior e consertando o casco em dez dias. No entanto, especialistas como Yang Uk, do Instituto Asan de Estudos Políticos, em Seul, duvidam da capacidade real de recuperação. “O navio parece estar torcido, e sua estrutura não aparenta resistir às exigências de um navio de guerra moderno”, disse.
Apesar das falhas, Kim continua pressionando engenheiros e estaleiros a acelerar a modernização da frota naval, considerada defasada e ainda baseada em tecnologias herdadas da era soviética. O primeiro destróier da nova geração, o Choe Hyon, testou com sucesso mísseis recentemente e se tornou símbolo dos planos ambiciosos de Kim para fortalecer a presença marítima do país.
Analistas sul-coreanos acreditam que a pressão política exercida após o sucesso em Nampo possa ter sido um dos fatores que levaram a apressar o lançamento em Chongjin, resultando na tragédia. “A comparação entre as duas cerimônias é inevitável. Em Nampo, tudo foi meticulosamente planejado. Já em Chongjin, improvisos e limitações técnicas pesaram contra”, avaliou Choi Il, capitão reformado da Marinha sul-coreana.
Além de expor falhas técnicas, o episódio gera constrangimento internacional ao regime, que raramente admite falhas. A KCNA, no entanto, reconheceu o mau funcionamento do sistema de lançamento e classificou o episódio como vergonhoso para o prestígio nacional.
A cidade de Chongjin, onde o destróier foi montado, é um centro portuário estratégico do país. Localizada na província de Hamgyong do Norte, é a terceira maior cidade norte-coreana e serve como polo industrial. O estaleiro local, no entanto, nunca havia lidado com embarcações de grande porte como o destróier naufragado.
Enquanto a embarcação acidentada permanece encalhada, coberta por lonas e isolada, Kim Jong-un deve manter a pressão por avanços na marinha — mesmo que os recursos técnicos e humanos do país ainda estejam longe do ideal para sustentar tais ambições. E mais: Cidadezinha na Europa tem casas em torno de R$ 77 mil. Clique AQUI para ver. (Foto: divulgação; Fontes: InfoMoney; Aventuras na História; CNN)