Naufrágio de migrantes no sul da Itália mata 45 pessoas

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Pelo menos 40 migrantes, incluindo um bebê recém-nascido, morreram após o naufrágio de seu barco na madrugada desse sábado (25) para domingo (26) perto da cidade italiana de Crotone, na Calábria (Sul), de acordo com fontes locais.

“Dezenas e dezenas de mortos afogados, incluindo crianças, muitas ainda desaparecidas. A Calábria está de luto por esta terrível tragédia”, declarou o presidente regional Roberto Occhiuto em um comunicado.

O navio partiu da Turquia há vários dias com imigrantes do Afeganistão, Irã e vários outros países, e naufragou durante uma tempestade perto de Steccato di Cutro, um balneário na costa leste da Calábria.

Cerca de 50 migrantes conseguiram sobreviver nadando até a praia e relataram que a embarcação tinha entre 180 e 250 pessoas a bordo. Eles afirmaram ainda que a embarcação se partiu no meio por conta da forte agitação no mar.
Um sobrevivente foi preso por acusações de tráfico de migrantes, disse a polícia alfandegária da Guardia di Finanza.

O prefeito de Cutro, Antonio Ceraso, disse que mulheres e crianças estavam entre os mortos. Os números exatos de quantas crianças morreram ainda não estavam disponíveis. Com a voz embargada, Ceraso, disse ao canal de notícias italiano SkyTG24 que tinha visto “um espetáculo que você nunca gostaria de ver em sua vida … uma visão horrível … que fica com você por toda a sua vida”.

Os destroços do gulet de madeira, um veleiro turco, estavam espalhados por uma grande extensão da costa. Curra disse que o navio deixou Izmir, no leste da Turquia, três ou quatro dias atrás, acrescentando que os sobreviventes disseram que cerca de 140 a 150 pessoas estavam a bordo. A maioria dos sobreviventes era do Afeganistão, alguns do Paquistão e um casal da Somália.

 

A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, afirmou que sente uma “profunda dor por tantas vidas humanas abreviadas por traficantes de pessoas”. Ela ainda disse que “não é hora de especular sobre essas mortes” . “O governo está comprometido a impedir as partidas e com isso a chance de tragédias como essa, e continuará a fazer isso, também exigindo o máximo de colaboração dos Estados de partida e proveniência” , acrescentou.

O presidente da Itália, Sergio Mattarella, expressou sua “dor” e cobrou novamente a União Europeia para resolver a crise. “É preciso um forte compromisso da comunidade internacional para remover as causas de base dos fluxos migratórios: guerras, perseguições, pobreza, territórios tornados inabitáveis pelas mudanças climáticas. É indispensável que a UE assuma finalmente de maneira concreta a responsabilidade de governar o fenômeno migratório para eliminá-lo das mãos dos traficantes de seres humanos, empenhando-se nas políticas migratórias” , disse o mandatário em nota.

Segundo Mattarella, “muitos desses migrantes vinham do Afeganistão e do Irã, fugindo de condições de grande dificuldade” . “É a enésima tragédia no Mediterrâneo que não pode deixar ninguém indiferente” , pontuou.

Conforme o porta-voz da Unicef Itália, Andrea Iacomini, “são mais de 25,8 mil mortos e desaparecidos desde 2014 ao longo da rota do Mediterrâneo Central, sendo 120 só em 2023 – incluindo muitas crianças” . “Mas esse número é subestimado porque considera só os casos denunciados ou os corpos encontrados” , pontua ainda.

Quem também se manifestou foi a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que afirmou estar “profundamente entristecida pelo terrível naufrágio”.

14 mil migrantes em 2023
A localização da Itália a torna um dos principais destinos para os requerentes de asilo que cruzam do norte da África para a Europa, e Roma há muito reclama do número de chegadas ao seu território.

Dados do Ministério do Interior apontam que quase 14 mil migrantes desembarcaram na Itália desde o início do ano, em comparação com cerca de 5,2 mil no mesmo período do ano passado e 4,2 mil em 2021.

As ONGs, no entanto, transportam apenas uma pequena porcentagem dos migrantes que desejam chegar à Europa, sendo a maioria resgatada pela guarda costeira ou navios da marinha.


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Fontes: Ansa; RFI; Reuters
Foto: reprodução vídeo

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