Os papéis da Natura &Co (NTCO3) atingiram mínimas históricas nesta segunda-feira (17/3), caindo até R$ 8,95, após um tombo de quase 30% na sexta-feira desencadeado pela má recepção do mercado ao balanço do quarto trimestre de 2024.
O fechamento do pregão registrou nova queda de 3,16%, com as ações a R$ 9,20, enquanto o Ibovespa avançou 1,46%, alcançando 130.834 pontos.
Em apenas dois dias, a gigante de cosméticos perdeu mais de R$ 6 bilhões em valor de mercado. Analistas do J.P. Morgan reagiram com um duplo rebaixamento, ajustando a recomendação de compra para neutra e reduzindo o preço-alvo de R$ 21 para R$ 11, sinalizando cautela diante de um futuro incerto.
No relatório liderado por Joseph Giordano, o banco americano prevê um percurso “turbulento” até que a Natura alcance estabilidade operacional, optando por esperar sinais concretos de retomada antes de renovar a confiança na companhia.
Para conter a crise, a Natura anunciou nesta segunda um programa de recompra de até 52,6 milhões de ações ordinárias, com duração prevista até 17 de março de 2026.
Segundo fato relevante, a medida visa “impulsionar a geração de valor dos acionistas da companhia, por meio de uma administração eficiente de sua estrutura de capital”, após a sangria de R$ 5,63 bilhões em valor de mercado na sexta-feira, quando os papéis despencaram 29,94% pós-balanço.
Os resultados financeiros do quarto trimestre mostram um prejuízo de R$ 438,5 milhões, apesar de ser uma melhora significativa frente aos R$ 2,6 bilhões negativos do mesmo período em 2023 – redução de 83,5%.
A receita líquida saltou 63%, atingindo R$ 7,7 bilhões, mas o Ebitda despencou para R$ 139,6 milhões, contra os R$ 466 milhões de um ano antes.
O Ebitda (sigla em inglês para Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation, and Amortization) é um indicador financeiro que, em português, pode ser traduzido como “Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização” (LAJIDA).
Ele mede a capacidade de uma empresa de gerar lucro operacional a partir de suas atividades principais, sem considerar os efeitos de despesas financeiras (como juros de dívidas), tributos (impostos sobre o lucro), e itens contábeis não relacionados ao fluxo de caixa, como depreciação (desgaste de ativos fixos, como máquinas) e amortização (redução do valor de ativos intangíveis, como marcas ou patentes).
Um peso relevante veio da reestruturação da Avon International, em processo de Chapter 11 nos EUA, com impacto de R$ 450 milhões no caixa, conforme relatório do Citi. A combinação de números mistos e desafios operacionais mantém a Natura sob pressão, enquanto a recompra surge como tentativa de estancar a desconfiança do mercado. Clique AQUI e nos apoie! E mais: Armínio Fraga diz que Lula tem razão em sugerir que consumidor não compre o que está caro. Clique AQUI para ver. (Foto: divulgação; Fontes: Valor; O Globo)