O ministro da Defesa do governo Lula, José Múcio Monteiro, declarou nessa segunda-feira (6) que está disposto a prestar depoimento no Supremo Tribunal Federal (STF), caso seja oficialmente convocado no processo que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado no fim de 2022. A fala ocorreu após um encontro com empresários do grupo Lide, em São Paulo.
“(Posso depor) Tudo oficial, à luz do dia. Ninguém pode me chamar para segredo nenhum porque eu conto. Então sou salvo por isso”, afirmou Múcio, indicando que não tem o que esconder.
Seu nome surgiu como possível testemunha a pedido da defesa do ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira. Segundo os advogados de Nogueira, ele teria atuado em sintonia com o então comandante do Exército durante o período eleitoral, e Múcio, que assumiu a pasta no governo Lula, seria uma das pessoas com quem teve contato na transição.
A equipe de José Múcio confirma que houve encontros com Nogueira no processo de passagem de governo, entre o final de 2022 e o início de 2023. Segundo a assessoria do atual ministro, até o momento ele não recebeu nenhuma notificação formal para depor.
Ao comentar os acontecimentos daquele período, Múcio lembrou que buscou contato direto com Jair Bolsonaro. “O Bolsonaro foi meu liderado há 20 anos. […] Os comandantes não querem me receber, então eu vou procurar o presidente da República”, disse, referindo-se ao fato de não ter sido atendido por nenhum dos chefes das Forças Armadas durante a transição.
Adotando um tom conciliador, o ministro afirmou que deseja o fim das tensões políticas provocadas pelos atos de 8 de janeiro. “Nós torcemos para que tudo isso passe para que nós possamos voltar ao nosso sentimento de normalidade e possamos trabalhar sem a nuvem da suspeição que atinge muitos, mas pela qual só alguns poucos são os responsáveis.”
Sobre o projeto de lei que propõe anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos, Múcio declarou respeito à decisão do Congresso: “O projeto de anistia é uma decisão de um poder, que é o Legislativo. Nós respeitamos. O que a Justiça decidir, o que o Legislativo decidir, nós respeitamos.”
Por fim, o ministro lamentou o possível envolvimento de membros das Forças Armadas nas ações golpistas. “Lastimamos, lamentamos.” E completou: “Quando um militar tem um colega seu sendo indiciado, o primeiro sentimento é de constrangimento. […] O segundo sentimento, quando há comprovação, é de indignação, porque eles comprometeram uma imagem de uma instituição que sabe que tem que ser preservada.”
Para ele, esclarecer os fatos é fundamental para a própria reputação das instituições militares. “Interessa mais a eles [militares], por conta de seus conceitos, porque há muitos que querem somente a verdade, para poder separar o joio do trigo, para saber quem comprometeu o nome das instituições.”. E mais: Contribuintes têm até 9 de maio para garantir chance no 1º lote da restituição do IR 2025. Clique AQUI para ver. (Foto: Ministério da Defesa; Fonte: UOL)