O jornal argentino ‘La Nación’ trouxe uma análise detalhada sobre a estratégia do presidente Javier Milei em relação ao Mercosul e sua aproximação com os Estados Unidos.
Em discurso realizado no Instituto Milken, em um evento promovido pelo empresário Michael Milken, Milei destacou que um acordo de livre comércio com os EUA é uma prioridade. “Procuramos promover, durante este ano, um acordo de livre comércio com os Estados Unidos, um acordo que deveria ter acontecido há duas décadas”, declarou o presidente.
A reportagem do La Nación apontou que essa decisão pode gerar mais tensões dentro do Mercosul, especialmente porque o estatuto de Assunção proíbe que os países-membros do bloco realizem acordos comerciais unilaterais com nações fora da zona econômica. Ainda assim, o governo argentino considera o Mercosul uma “prisão” e “um obstáculo ao progresso dos argentinos”.
Segundo o jornal, o ministro das Relações Exteriores da Argentina, Gerardo Werthein, e o secretário de Relações Econômicas Internacionais, Luis María Kreckler, estão avançando nas negociações com os EUA.
Além disso, a decisão do governo Milei de unificar a representação diplomática no Mercosul com a embaixada argentina em Montevidéu foi interpretada pela oposição kirchnerista como um movimento para diluir o bloco.
Gabriel Fuks, ex-embaixador no Equador e deputado kirchnerista, afirmou que a medida “está diluindo a representação perante o Mercosul em linha com a ideia de romper a unidade regional que o governo vem implementando com firmeza”.
Apesar disso, o governo de Milei ainda descarta abandonar o bloco antes de discutir a questão. A diplomacia brasileira, representada pelo Itamaraty, adotou uma postura cautelosa.
Segundo La Nación, fontes brasileiras destacaram que “se for feito um acordo com os Estados Unidos a partir do Mercosul, parece-nos perfeito, vamos todos negociar”. Contudo, também questionaram a viabilidade de tal negociação, especialmente com o cenário ‘protecionista’ do governo de Donald Trump. “Trump diz que vai aumentar as tarifas, e não baixá-las”, afirmaram as fontes brasileiras ao jornal.
A matéria ainda relembrou as críticas de Milei ao Mercosul durante a cúpula de dezembro passado. Na ocasião, ele atacou a Tarifa Externa Comum (TEC), afirmando que ela “fechou inúmeras vias comerciais para nós”. Analistas locais próximos ao pensamento do presidente concordam.
“O Mercosul hoje não serve para a Argentina. Não adianta para o Uruguai, quem mais aproveita é o Brasil”, avaliou Dante Sica, ex-ministro do Trabalho do governo Cambiemos, conforme a reportagem.
Por fim, o La Nación conclui que, para Milei, recuperar a autonomia em questões comerciais é essencial diante das oportunidades de exportação que a Argentina possui em energia e mineração. Enquanto isso, o futuro do Mercosul permanece incerto diante das tensões políticas e econômicas que podem se intensificar nos próximos meses. Clique AQUI para ver na íntegra. E clique AQUI para apoiar nosso trabalho! (Foto: governo da Argentina)