Na Suíça, durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, o presidente argentino Javier Milei expressou sua intenção de priorizar acordos comerciais que beneficiem especificamente a Argentina. “Farei o que for melhor para a Argentina”, disse Milei, destacando que sua estratégia não está necessariamente alinhada com os interesses do Mercosul.
Apesar de sua postura unilateral, Milei ainda vê valor na permanência do país no bloco regional. “Creio que há uma possibilidade de fazermos [um acordo de livre comércio com os Estados Unidos] e continuarmos no Mercosul”, declarou ele aos jornalistas.
Em entrevista recente à Bloomberg TV, o presidente havia mencionado a possibilidade de sair do Mercosul se isso fosse uma condição para se aproximar dos EUA, especialmente com a recente posse de Donald Trump, a quem considera um aliado.
Quando questionado pelo jornal Folha sobre qual seria essa possibilidade, Milei enfatizou a necessidade de reformas dentro do Mercosul. “É preciso que cada país possa negociar seus próprios acordos”, disse ele, indicando uma preferência por negociações independentes.
O Mercosul, composto por Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela (atualmente suspensa), opera sob um estatuto que exige negociações conjuntas, uma das razões para o prolongado processo de acordo comercial com a União Europeia, finalmente assinado no ano passado.
A possibilidade de acordos bilaterais dentro do bloco, no entanto, é complexa. Segundo um diplomata consultado pela Folha, um acordo de livre comércio individual quebraria os princípios de uma união aduaneira que adota tarifas comuns para importações. Além disso, qualquer acordo individual exigiria a aprovação de todos os membros e uma revisão das regras de origem para evitar distorções comerciais.
Uma alternativa discutida seria transformar o Mercosul em uma área de livre comércio, o que representaria um nível superior de integração.
Quando perguntado sobre uma mensagem para os brasileiros ou para o presidente Lula, Milei foi direto: “Que escutem o que disse em meu discurso”. No palco, ele defendeu ideias liberais e criticou o que chamou de “câncer a ser extirpado”, referindo-se a ideias progressistas.
Sobre o ex-presidente Bolsonaro, Milei lamentou “que tenham cerceado seu direito de ir e vir”, mencionando a retenção do passaporte de Bolsonaro pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, que impediu a viagem do ex-presidente ao EUA para a posse de Trump. E mais: TCU suspende R$ 6 bilhões do ‘Pé-de-Meia’, e deputados pedem impeachment de Lula. Clique AQUI para ver. (Foto: reprodução redes sociais; Fonte: Folha de SP)
