O Movimento Brasil Livre (MBL) anunciou oficialmente, nessa quarta-feira (7), a expulsão do vereador curitibano João Bettega (União Brasil). A decisão, aprovada por unanimidade, veio acompanhada da saída conjunta de todos os nove assessores parlamentares ligados ao gabinete do vereador.
Renan Santos, coordenador nacional do MBL, assinou o comunicado que formaliza a exclusão de Bettega e que traz duras críticas ao agora ex-integrante do grupo. Entre os principais motivos elencados estão “traição, ausência de atuação política (só grava vídeos idiotas) e conivência com crimes cometidos pelo PL em Curitiba”.
Segundo o texto, a ruptura foi o desfecho de um processo de avaliação interna que se estendeu por semanas, período em que o MBL no Paraná teria tentado um diálogo com o vereador, sem sucesso.
“O vereador ignorou todos os apelos e chamamentos à razão”, afirma Renan. Ainda de acordo com ele, Bettega utilizou o medo como ferramenta de pressão para demitir membros da equipe com quem tinha divergências. “Ao fim, exigiu da nacional a cabeça do chefe de gabinete em troca de ‘fazer acenos’ ao MBL.”
A situação teria se agravado após vir à tona uma entrevista em que Bettega fazia críticas ao MBL e demonstrava apoio à pauta bolsonarista. Conforme o comunicado, o vereador “estava guardando para ‘no momento certo’ divulgar” essa manifestação.
O movimento também destacou a “falta de empatia com os membros do gabinete, que toparam ficar desempregados a aceitar sua insanidade”. O coordenador estadual do MBL no Paraná, Willian Rocha, lamentou o ocorrido: “É com muita tristeza que anunciamos a expulsão do vereador João Bettega”.
Na nota, o grupo também critica a atuação parlamentar de Bettega, descrevendo-o como alguém “com rigidez intelectual, pouquíssimo produtivo e muito individualista”. Os assessores que deixaram o cargo disseram ter tomado essa decisão “em respeito aos militantes” do movimento.
Para o MBL, o episódio representa um “estelionato eleitoral”, mas a organização garantiu estar fortalecida: “Estamos mais unidos do que nunca e em breve estaremos unidos na nossa própria missão”, numa referência ao futuro partido político que o grupo pretende fundar ainda este ano.
João Bettega, que é formado em Direito pela PUC-PR e foi eleito com cerca de 12 mil votos, possui mais de um milhão de seguidores nas redes sociais. Procurado pela Revista Oeste, ele deu sua versão dos acontecimentos, relatando que os conflitos internos se intensificaram nas últimas semanas e culminaram em um episódio grave: “Na semana passada, a situação se tornou insustentável, pois um dos meus assessores levantou a voz dentro da minha sala, falou que ele manda no gabinete e me ameaçou com a frase: ‘se não for para resolver no carinho, será no ódio’”.
O vereador diz ter recorrido à direção do MBL, mas sem sucesso: “A situação de extremo desrespeito foi levada ao MBL, mas o movimento não autorizou a exoneração desse assessor e me expulsou depois.” Por fim, ele afirmou ter sido alvo de ameaças: “Sofri ameaças de outros integrantes do movimento, que falaram que ‘coisas ruins vão acontecer comigo’”, concluiu.