Em artigo no jornal Folha de SP, a senadora Mara Gabrilli (PSD-SP) anunciou que sua prioridade no retorno dos trabalhos legislativos será a derrubada do veto presidencial ao projeto de lei que prevê pensão vitalícia e indenização às famílias afetadas pelo zika vírus.
Segundo a parlamentar, a decisão do governo Lula não é apenas uma questão técnica, mas representa uma “injustiça” e uma “falta de humanidade” com milhares de crianças com deficiências severas e suas famílias.
De acordo com a senadora, o Brasil enfrentou uma grave crise sanitária entre 2015 e 2017, quando mais de 3.000 crianças nasceram com a síndrome congênita do zika, conforme dados do Ministério da Saúde. Atualmente, cerca de 1.500 famílias ainda convivem com os desafios da condição, que inclui múltiplas deficiências e convulsões diárias, demandando cuidados contínuos. “Essas famílias lidam com a precariedade e o abandono estatal”, afirmou Mara Gabrilli.
A parlamentar também destacou que a epidemia do zika revelou falhas estruturais graves no país, principalmente no que diz respeito ao saneamento básico. “Estudos mostram que a proliferação do vírus está ligada à falta de infraestrutura. Comunidades no Nordeste, expostas a condições insalubres, tornaram-se epicentros de uma tragédia evitável”, criticou.
O projeto vetado pelo presidente Lula buscava garantir um amparo financeiro contínuo para essas famílias, já que, segundo um estudo da Fiocruz, o custo anual para cuidar de uma criança com microcefalia ultrapassa R$ 20 mil. “É uma despesa inviável para mães que precisaram abandonar o trabalho para cuidar dos filhos”, ressaltou a senadora.
O governo, no entanto, justificou o veto alegando impacto financeiro e editou uma medida provisória que substitui a pensão vitalícia por uma indenização única de R$ 60 mil. Para Mara Gabrilli, essa solução não atende às necessidades das famílias. “Essas famílias não precisam de paliativos; necessitam de apoio contínuo para garantir cuidados e qualidade de vida”, afirmou.
A parlamentar também criticou o desrespeito ao Congresso, que havia aprovado o projeto por unanimidade. “Esse veto não é apenas insensível, mas também um desrespeito ao Parlamento”, declarou. Para ela, a medida demonstra a “desconexão de um governo que celebra avanços enquanto ignora tragédias humanitárias recentes”.
Mara Gabrilli, que também é mulher com deficiência, reafirmou seu compromisso de lutar pela derrubada do veto e pela garantia de direitos às famílias afetadas. “Essas famílias já esperaram uma década; não podem aguardar mais. Elas merecem justiça, respeito e dignidade”, defendeu.
Por fim, a senadora enfatizou a importância de o país decidir qual postura deseja adotar diante dos mais vulneráveis. “O Brasil precisa decidir que tipo de sociedade quer ser: uma que abandona os mais frágeis ou uma que os acolhe e cuida. Eu já sei de que lado quero estar”, concluiu. Clique AQUI para ver na íntegra. (Foto: Ag. Senado)