Luiz Inácio Lula da Silva (PT) removeu Frederico Duque Estrada Meyer do posto de embaixador do Brasil em Israel em meio a tensões diplomáticas crescentes entre os dois países. A decisão foi oficializada no Diário Oficial da União na terça-feira (28).
Meyer foi nomeado agora como o novo representante especial do Brasil na ‘Conferência do Desarmamento’ da ONU em Genebra, na Suíça, deixando a embaixada brasileira em Israel sem um embaixador titular. A representação passa liderada pelo encarregado de negócios, ministro Fábio Farias.
A remoção de Meyer ocorre em um momento delicado nas relações Brasil-Israel, particularmente devido às críticas de Lula ao governo de Benjamin Netanyahu. Em fevereiro, Lula comparou a ação militar israelense em Gaza ao sofrimento do próprio povo judeu durante o Holocausto, o que levou Israel a declarar o brasileiro como “persona non grata” e a exigir um pedido de desculpas, que nunca foi feito por Lula.
Após ser chamado de volta ao Brasil, na semana passada o então embaixador Meyer retornou a Israel, mas sem comunicar oficialmente sua presença ao governo local, não reassumindo formalmente suas funções diante do governo israelense.
Com a nomeação de Meyer para a Conferência do Desarmamento, o governo federal sinaliza uma redução na importância atribuída à representação diplomática em Israel, em um contexto em que o Tribunal Penal Internacional está prestes a decidir sobre uma possível ordem de prisão contra Netanyahu por crimes de guerra e crimes contra a humanidade.
Embora a Conferência do Desarmamento tenha um papel estratégico, ela está paralisada há duas décadas, o que diminui a relevância prática do novo cargo de Meyer. Anteriormente, esse posto na ONU era ocupado pelo embaixador Flávio Damico.
A troca de Meyer por Fábio Farias na liderança da embaixada brasileira em Israel representa um claro indicativo da postura que o governo de Lula pretende adotar em relação ao governo Netanyahu.
Diplomaticamente, a decisão de não nomear imediatamente um novo embaixador e de rebaixar a representação para o nível de encarregado de negócios pode ser interpretada como um sinal de descontentamento e de um possível distanciamento entre os dois países.
Essa manobra diplomática reflete as tensões que se intensificaram após as declarações de Lula sobre Israel e as subsequentes respostas do governo israelense. E mais: Parlamentares derrubam 7 e mantêm 4 vetos; votação segue nesta quarta-feira (29). Clique AQUI para ver. (Foto: Agência Senado; Fonte: UOL; Ansa)
