Lula (PT) negou um pedido feito pelo governo da Alemanha para que o Brasil fornecesse munição de tanques de guerra que seria repassada por Berlim à Ucrânia, país em guerra com a Rússia. A decisão ocorreu na sexta passada (20), na reunião do petista com os chefes das Forças Armadas e o ministro da Defesa, José Múcio. A informação foi revelada pelo jornal Folha de São Paulo, nesta sexta-feira (27).
A proposta foi levada a Lula pelo general demitido Júlio Cesar de Arruda, um dia antes da sua exoneração pelo petista. Arruda argumentou que o Brasil embolsaria cerca de R$ 25 milhões por um lote de munição estocada para seus tanques Leopard-1, o modelo que antecedeu o tanque desejado pelo governo de Volodimir Zelenski. Ainda segundo a Folha, Arruda levantou a hipótese de exigir de Berlim que não enviasse o produto para Kiev, o que também não foi aceito por Lula.
O chefe do executivo disse não, porque que não valeria a pena provocar os russos. O Brasil, apesar de ter condenado a invasão de 24 de fevereiro de 2022 na ONU, mantém uma posição de neutralidade no conflito. A postura adotada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro há quase um ano permitiu, desde então, a chegada de fertilizantes do país de Putin, assim como cargas de petróleo do país.
O Leopard-1 só é operado por Brasil (261 unidades, segundo o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, de Londres), Chile (30), Grécia (500) e Turquia (397) –os dois últimos, membros da Otan (aliança militar ocidental) como a Alemanha. O tanque tem um canhão com calibre de padrão antigo, de 105 mm, enquanto o Leopard-2 usa munição de 120 mm.
A Folha também informa que a “motivação central de Lula” é a mesma de Bolsonaro: fertilizantes, vitais para o agronegócio do país e que têm de ser majoritariamente importados. A Rússia é, há anos, a líder desse mercado.
Envio de tanques
Os Estados Unidos disseram nessa quarta-feira (25) que fornecerão à Ucrânia 31 de seus tanques de guerra mais avançados depois que a Alemanha quebrou um tabu com um anúncio semelhante, medidas saudadas por Kiev como um potencial ponto de virada na sua batalha para repelir a invasão da Rússia.
A decisão dos EUA de entregar tanques M1 Abrams ajudou a quebrar um impasse diplomático com a Alemanha sobre a melhor forma de ajudar a Ucrânia em sua guerra com a Rússia, que horas antes havia condenado a decisão de Berlim de fornecer tanques Leopard 2 e classificou a ação como uma “provocação perigosa”.
Kiev pede há meses tanques de batalha ocidentais que dariam às suas forças maior poder de fogo, proteção e mobilidade para romper as longas linhas de frente estáticas e potencialmente recuperar territórios ocupados no leste e no sul.