Na abertura do ‘Foro de SP’, Lula elogia ditadores e diz ter ‘orgulho’ de ser chamado de comunista

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Os partidos e movimentos de esquerda da América Latina e do Caribe devem se unir para construir um continente e um mundo mais igual, mais democrático e livre da desumanidade da extrema direita.

Esse foi um dos pontos defendidos por Lula (PT) nessa quinta-feira (29) à noite, ao discursar na abertura do 26º encontro do Foro de São Paulo, que ocorre até 2 de julho em Brasília.

Um dos fundadores do primeiro Foro, em 1990, na cidade de São Paulo, Lula elogiou ditadores Fidel Castro e Hugo Chávez, disse “se orgulhar” do rótulo de comunista e afirmou que é preciso manter as críticas aos partidos de esquerda reservadamente, “entre amigos”.

“Precisamos tentar discutir os nossos erros para que a gente possa corrigi-los. Entre amigos a gente conversa pessoalmente. A gente não faz críticas públicas porque as críticas interessam à extrema direita”.

“Vocês sabem quantas vezes nós somos acusados. Vocês sabem quanta difamação e quantos ataques pejorativos se faz contra a esquerda na América do Sul. Nós não somos vistos pela extrema-direita fascista, nem do Brasil, nem do mundo, como organizações democráticas. Eles nos tratam como se nós fôssemos terroristas. Eles nos acusam de comunistas, como se nós ficássemos ofendidos com isso”, afirma Lula.

“Nós ficaríamos ofendidos se nos chamasse de nazista, neofascista, de terrorista. Mas, de comunista, de socialista, nunca. Isso não nos ofende. Isso nos orgulha muitas vezes. E, muitas vezes, nós sabemos que merecemos isso”, prossegue.

Combater o ‘neofascismo’
Lula acrescentou que, atualmente, outro desafio da esquerda mundial é impedir o avanço da ‘extrema direita’, que faz o ‘neofascismo’ avançar por quase todo o planeta. “Além de cuidar do nosso país, nós temos que fortalecer os setores progressistas e democráticos da sociedade neste mundo. Porque a direita fascista tem crescido em muitos lugares.”

“Quatro anos da extrema direita neste país foi uma lição para todos nós. Ou nós nos organizamos para resolver os problemas da sociedade brasileira, sobretudo a questão da inclusão social, ou a extrema direita está aí, contando mentiras, utilizando fake news, violentando qualquer parâmetro de dignidade para voltar ao poder”, disse.

Ele também disse que a esquerda enfrenta ‘discurso fascista’ da direita no Brasil. “Costumes, família, patriotismo.”. Assista ao trecho abaixo!

 

Melhor momento
Na opinião de Lula, a América Latina e, principalmente, a América do Sul viveu seu melhor momento, “em 500 anos”, entre 2002 e 2010, com políticos de esquerda no poder.

“Foi a vitória na Argentina, no Chile, no Brasil, na Venezuela, no Equador. Foi a vitória, inclusive, de pessoas mais progressistas nos outros países que estiveram do nosso lado. Além da vitória do nosso companheiro [Hugo] Chávez na Venezuela. Nós vivemos um período de muita expansão, de conquista social e de participação política no nosso continente”, cita.

“Eu não creio que tenha havido um outro momento histórico em que a sociedade da América do Sul e da América Latina teve tantas conquistas e tantas políticas de inclusão social como tiverem nesse período de 2000 a 2010, 2012, até 2015, quando fizeram o impeachment da Dilma”, continua.

Balanço
No discurso, o petista pediu reflexão da esquerda sul-americana sobre os erros cometidos nos últimos anos.
“Eu sei o quanto nós perdemos no nosso continente. Eu sei o quanto foi triste, sabe, a Argentina ter um presidente de direita há pouco tempo atrás. Eu sei o quanto foi triste a saída do Rafael Correa [ex-presidente do Equador]. Eu sei o quanto foi triste a direita chilena. Eu sei o quanto foi triste o golpe na Bolívia. Eu sei o quanto foi triste ter a companheira Dilma Rousseff impichada aqui nesse país”, manifesta Lula.

“E nós, ao invés de ficarmos lamentando, temos que tirar lições. Onde é que nós erramos? O que nós não conseguimos fazer? Por que aconteceu tal coisa conosco?”, questiona durante a reflexão.

“A gente não pode ficar a vida inteira criticando os outros. De vez em quanto, nós temos que olhar para dentro de nós e saber o que nós fizemos de errado, porque aconteceu aquilo. Por que que aconteceu o impeachment da Dilma? Foi só erro da extrema-direita ou nós temos erros enquanto partido político? De vez em quando, nós temos que pensar. Temos que meditar para conseguirmos evitar que novos erros atropelem a caminhada pela conquista da qualidade de vida do nosso povo”, finaliza. Assista abaixo!


Fontes: PT; Estadão; CNN
Foto: reprodução

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