Líder do PT: Alcolumbre e Motta cometem ‘grande erro’

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O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ), classificou como um “erro grave” a decisão de pautar, sem aviso prévio, a votação que pode anular os decretos do governo federal sobre o aumento da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

Segundo ele, a movimentação foi conduzida pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), sem consulta ao colégio de líderes, surpreendendo o Palácio do Planalto.

“É um estrangulamento do governo Lula. A derrubada do decreto significa contingenciar mais R$ 12 bilhões, além dos R$ 30 bilhões já contingenciados. Vai cortar da saúde, da educação, do Minha Casa Minha Vida”, afirmou Lindbergh em entrevista ao Estúdio i, da GloboNews.

De acordo com o deputado, havia um acordo fechado no domingo (22) entre o governo e líderes partidários, o que tornou ainda mais inesperada a mudança de postura.

“Hugo Motta foi apoiado por nós. Um dos compromissos era submeter temas ao colégio de líderes antes do plenário. Ontem à noite, a mudança foi anunciada pelo Twitter”, reclamou.

Segundo o petista, tanto a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, quanto outros integrantes do governo tentaram contato com os presidentes das Casas Legislativas para impedir a votação, mas não foram atendidos. “A ministra Gleisi tentou falar com ele. Ninguém conseguiu”, lamentou.

Lindbergh também apontou que pressões de grandes grupos econômicos estariam por trás da manobra no Congresso. “Os muito ricos não querem pagar imposto. Falam em ajuste fiscal só quando é para o povo. Mas não querem abrir mão de privilégios”, afirmou.

Para ele, o Congresso também tem responsabilidade pela situação fiscal do país e não pode cobrar apenas do Executivo. “Falta responsabilidade fiscal também no Legislativo. Não se pode cobrar só do Executivo”, disse.

O deputado ainda relacionou o movimento a uma estratégia política antecipada de setores da elite para as eleições presidenciais de 2026. “É uma antecipação do debate de 2026. Há uma estratégia de setores da elite para garrotear o orçamento do presidente Lula”, avaliou.

Questionado sobre a atuação da base aliada, Lindbergh reconheceu que partidos como MDB, PSD e União Brasil estão divididos e que caberá a cada legenda decidir seu posicionamento futuro em relação ao governo.

“Esses partidos estão divididos. Cada um terá que decidir se quer estar com o projeto do governo ou se vai seguir outro caminho.”

Ele também voltou a defender justiça tributária e criticou as distorções no sistema atual: “Querem isenção de IR até R$ 5 mil, mas se recusam a tributar os milionários. Um gari paga 27,5%, enquanto 0,01% dos mais ricos paga 1,7%”, disse.

Ainda segundo Lindbergh, o presidente Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fizeram esforços para manter o equilíbrio fiscal com o aumento da alíquota do IOF, e o governo deve insistir no debate, agora por meio de uma medida provisória.

A proposta de sustar os efeitos dos decretos foi incluída de última hora na pauta da Câmara e pode ser votada ainda nesta quarta-feira (25), com forte resistência da base governista. Já no Senado, Davi Alcolumbre também sinalizou que pretende pautar o tema, o que foi criticado por Lindbergh: “Ele também comete um erro grande. Não dá para decidir isso sem construção coletiva”, afirmou.

 

 

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