A crescente dificuldade dos brasileiros em manter em dia o pagamento de prestações de imóveis tem alimentado um aumento expressivo no número de leilões de casas e apartamentos. Nas grandes cidades, o setor de leilões imobiliários tem registrado um crescimento muito superior ao de outras áreas da economia, impulsionado pelo acúmulo de dívidas e pela perda de propriedades por inadimplência.
“A gente teve um cenário devastador de um aumento de 80% no número de leilões. Então do mesmo jeito que tínhamos em 2018, por mês, 200 imóveis loteados em um edital de leilão, agora a tem de 800 a 1000. É um procedimento bem rápido e direto. Se a gente falar, na ponta da lei, o primeiro passo seria notificar a dívida e depois de 15 dias, se você não paga a dívida integral, se for citado corretamente, a gente tem já a consolidação registrada na matrícula e após 60 dias para o leilão acontecer. Então a gente está falando que, dentro de um semestre, você perde o imóvel”, explica Natália Roxo, advogada especialista em direito imobiliário, em reportagem do Jornal Nacional, exibida ontem (2).
Em números, o cenário é ainda mais alarmante: em 2022, cerca de 9 mil imóveis foram a leilão. No ano seguinte, esse número subiu para 26 mil. No entanto, somente no primeiro semestre de 2024, 44 mil imóveis já haviam sido arrematados, quase sempre com descontos consideráveis.
Embora os leilões sejam vistos como uma oportunidade para compradores, representam o desfecho doloroso de uma jornada marcada por dificuldades financeiras. Grande parte das propriedades retomadas pertence a famílias que não conseguiram honrar dívidas relacionadas a financiamentos, condomínio ou impostos.
Segundo a professora de Direito Econômico da USP, Maria Paula Bertran, o impacto vai além dos proprietários inadimplentes: “Sem dúvida, o que nós temos é a visão de que a saturação da capacidade de pagamento das dívidas acontece de maneira sistemática e difundida com impactos no país como um todo. Isso já foi mensurado em outras crises imobiliárias.”, disse ela ao programa.
Dados recentes da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo revelam que quase 80% dos brasileiros estão endividados, reforçando o quadro preocupante e o aumento da vulnerabilidade econômica no país. E mais: Moraes cobra manifestação da PF sobre inquérito envolvendo Elon Musk. Clique AQUI para ver. (Foto: PixaBay; Fonte: Jornal Nacional)