Júlio Lancellotti diz que Alexandre de Moraes ofereceu ajuda contra CPI das ONGs

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O padre Júlio Lancellotti, responsável pela ‘Pastoral Povo da Rua’ da Arquidiocese de São Paulo, revelou na sexta-feira (5) que recebeu uma ligação de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), oferecendo “apoio e solidariedade” diante da proposta de criação de uma ‘Comissão Parlamentar de Inquérito’ (CPI) para investigá-lo na Câmara Municipal de São Paulo.

“Ontem (quinta), à noite, o ministro Alexandre de Moraes me ligou, e fiquei muito sensibilizado”, afirmou o padre em entrevista à CNN Brasil. Ele explicou que o magistrado estava se inteirando do caso. “Ele diz que está juntando todas as informações e, para isso, também ia conversar com o presidente da Câmara (vereador Milton Leite, do União Brasil). Disse que manifestava apoio e solidariedade e, naquilo que fosse necessário, que nós o acionássemos.”

Ao Estadão, Lancelloti confirmou a história. “Ele me ligou dizendo que estava se apropriando de todas as informações, que manifestava apoio e que qualquer situação que fosse necessária era para acioná-lo”, declarou o religioso.

Em junho de 2022, o ministro visitou a Paróquia de São Miguel Arcanjo, onde o padre atua, e recebeu uma escultura representando “Jesus morador de rua” como presente. Moraes também foi responsável por exigir um plano para a ‘Política Nacional para a População em Situação de Rua’ no ano passado, uma decisão considerada “histórica” pelo padre.

Em dezembro, Lancellotti e Moraes participaram do lançamento do ‘Plano Nacional Ruas Visíveis’, no Palácio do Planalto, conforme mostra a foto da reportagem. Na ocasião, o ex-presidente Lula anunciou a regulamentação da Lei que leva o nome do padre e proíbe a chamada ‘arquitetura hostil’ em áreas públicas, como pedras, pinos, estacas e grades, para impedir que moradores de rua se abriguem. Assista à entrevista de Lancellotti à CNN. A fala sobre Alexandre de Moraes é logo no começo.

A proposta de instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre ONGs, que tem o padre Júlio Lancellotti como alvo, enfrenta um desgaste midiático com a retirada simbólica do apoio de pelo menos oito vereadores. A desistência dos apoiadores, no entanto, não inviabiliza a comissão, já que o pedido já foi protocolado com as 18 assinaturas necessárias, conforme estipulado pelo regimento interno da Câmara Municipal de São Paulo.

O vereador Rubinho Nunes (União), autor da proposta, agora enfrenta o desafio de obter o aval do colégio de líderes, que reúne as lideranças de cada bancada e a presidência da Casa, liderada por Milton Leite (União Brasil), que também já manifestou ser favorável à CPI. Caso seja aprovado pelos líderes, o pedido seguirá para votação no plenário, onde precisará conquistar o apoio de, pelo menos, 28 dos 55 parlamentares.

Com a Câmara Municipal de São Paulo em recesso parlamentar até o dia 6 de fevereiro, a situação permanece fluida até o retorno das atividades legislativas. Apesar da retirada de alguns apoiadores, Rubinho Nunes demonstra confiança na aprovação, afirmando ao jornal Estadão que dispõe “tranquilamente” do necessário para a aprovação.

O vereador reforça sua determinação, destacando que seguirá adiante com o pedido, independentemente das pressões. “Não dou a menor atenção para a pressão ridícula que a esquerda tem feito para blindar essas ONGs. Fui eleito para investigar e farei exatamente isso”, afirmou Rubinho Nunes.

O requerimento de CPI não menciona diretamente o nome de Júlio Lancellotti, mas o vereador ex-MBL indicou em entrevistas e redes sociais que o padre estaria sob investigação, o que provocou a retirada de oito assinaturas de apoio. Entretanto, a postura dos vereadores sugere que manteriam o apoio caso a investigação fosse focada nas ONGs que recebem verbas públicas.

Entre os vereadores que retiraram o apoio ao pedido estão Sandra Tadeu (União Brasil), Thammy Miranda (PL), Xexéu Tripoli (PSDB), João Jorge (PSDB), Beto do Social (PSDB), Sidney Cruz (Solidariedade), Dr. Nunes Peixeiro (MDB) e Dr. Milton Ferreira (Podemos).

O vereador Rubinho Nunes busca investigar o uso de dinheiro público por ONGs principalmente Cracolândia, questionando a eficácia da chamada ‘política de redução de danos’. Ele alega que as organizações usam recursos para distribuir alimentos, kits de higiene e itens para uso de drogas na população em situação de rua, gerando um “ciclo vicioso” no qual os usuários não conseguem abandonar o vício. O político ainda expressou sua intenção de “arrastar” o padre Júlio Lancellotti para prestar esclarecimentos sobre o assunto.

 


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Fonte: Estadão
Foto: Palácio do Planalto

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