Demitida da Globo em 2023, a jornalista Flávia Jannuzzi detalhou como aconteceu sua saída da emissora carioca. A profissional passou a discordar da própria linha editorial da empresa, que segundo ela, passou a ter um “braço político de militância muito grande”.
Em entrevista ao GeralPod, no Youtube, a repórter avaliou que passou a se sentir deslocada da Redação global. “Você ter uma cabeça um pouco dissonante daquilo, ‘opa, você não é dos nossos’. Você pensar diferente hoje te posiciona do lado inimigo. Tanto de um lado, quanto de outro. Falo tanto da direita, quanto da esquerda”, avaliou.
Jannuzzi explicou que passou a questionar as pautas dos telejornais em que atuava. “Você investiu sua vida em um sonho, em um propósito. Pô, quero ser uma comunicadora, quero levar reportagem bacana. Mas quando você começa a ver que tudo ali tem um braço da militância, opa, tira o pé do acelerador. Começa quase uma sensação de demissão silenciosa. ‘Não quero fazer isso, não me vejo fazer isso. Para que eu vou fazer isso? Não acredito nisso. Vou escrever sobre isso?’”, declarou.
A repórter disse que foi tirada de pautas na Globo depois de fazer questionamentos sobre os assuntos abordados no ar. “Eu questionei algumas coisas. É muita solidão, e quando eu questionei, eu fui tirada. […] Eu fui tirada de algumas pautas”, entregou.
“A gente vai ficando mais velho, a verdade é que a gente vai ficando mais crítico. Porque quando você é novinho, ‘opa, eu quero fazer tudo, eu quero botar minha cara na televisão. Eu quero aparecer, eu quero é fazer. Não me interessa’. ‘Ah, o diretor mandou fazer isso? Eu vou gravar, igual um papagaio’. E você grava igual um papagaio”, criticou.
“Depois você pensa, ‘caramba, o que é isso? Terrorismo aqui, terrorismo nessa situação. Opa, tem alguma coisa errada’. ‘O suspeito’… O cara está com o fuzil na mão. ‘Pegou o suspeito com o fuzil’. Suspeito? Não, espera aí. Você começa a pensar, caramba, estou no lugar errado, não estou fazendo o negócio certo. Então você começa a perceber que está fazendo um desserviço. Você hoje, por exemplo, ‘ah, saí do meu trabalho, 25 anos, estou sem salário’. Estou sem salário, mas estou mais feliz”, garantiu. Assista abaixo!
Ex-jornalista da Globo fala sobre a militância política da emissora. pic.twitter.com/QIvx11hSfJ
— Leandro Ruschel 🇧🇷🇺🇸🇮🇹🇩🇪 (@leandroruschel) May 26, 2024
“Barbie fascista”
Jannuzzi contou que seus posicionamentos passaram a gerar incômodo nos bastidores da Globo. A jornalista revelou que fazia parte de uma equipe pequena do “Jornal da Globo” e frequentemente discorda dos colegas, com isso, ela acredita que era chamada de “Barbie Facista” pelos funcionários.
“A gente tinha uma equipe pequena e às vezes, quando saíamos para lanchar, discordava de algumas coisas ali na mesa, já ficava [me sentindo] o patinho feio, deviam falar que eu era a Barbie Fascista. Não tenho nada de fascista, Barbie até pode ser pela cor do cabelo”, disse em entrevista ao podcast GeralPod.
Jannuzzi contou que se sentia uma “minoria” na redação e criticou a falta de diversidade nas redações de imprensa. “Quando você taxa uma determinada parte da população, um determinado grupo, você restringe isso e empobrece”, acrescentou.
A apresentadora passou mais de duas décadas na empresa e teve passagens como repórter e âncora de telejornais da empresa. Clique AQUI para ver a entrevista na íntegra no Youtube. E mais: Ataque russo em Kharkiv, na Ucrânia, incendeia hipermercado e mata 12 pessoas. Clique AQUI para ver. (Foto: reprodução vídeo; Fontes: TV Pop; O Dia)