Em entrevista exclusiva à Jovem Pan News de Fortaleza, o ex-padrasto do homem de 25 anos que matou quatro crianças em uma creche em Blumenau, em Santa Catarina, na quarta-feira (5) contou como o rapaz mudou após o envolvimento com drogas e diz que ele jamais deveria ter saído da prisão após tentar matá-lo.
Traumatizado e com medo de morrer, Edson se mudou de Blumenau, cidade onde nasceu e se criou, para se esconder do assassino. Autônomo e trabalhando como motorista de Uber aos 56 anos, ele largou a própria família e encarou um processo traumático de separação com a mãe do rapaz, com quem conviveu por quatro anos. “Sempre gostei muito dela, nos dávamos muito bem, é uma pessoa maravilhosa. Fui o pai que L.S. não teve. Ensinei ele a dirigir moto, carro, até ele começar o trabalho de Uber, quando o pesadelo começou”, diz em entrevista.
Edson foi atacado pelo homem, preso preventivamente por determinação da Justiça de Santa Catarina, há dois anos. Os golpes na cabeça atingiram um nervo no pescoço, o que trouxe uma sequela no lado direito do corpo. O corte no abdómen atingiu um dos rins. Ele também possui várias marcas pelo braço. “Tenho medo dele. A prisão causa uma sensação de alívio, livramento e justiça. Sinto tristeza profunda e um choque pelo o que ele fez com crianças inocentes”.
Envolvimento com drogas
Segundo Edson, o ex-enteado começou a se envolver com usuários de crack e cocaína, até que não conseguiu se livrar do vício. Depois, chegou a ficar internado por alguns meses em uma clínica de reabilitação em São Bento do Sul, mas não demorou para ter uma recaída.
“Quando ele se droga, se transforma. Ele tentou me matar durante um surto de droga, Senti o sangue jorrando, sai correndo para a rua pedindo socorro”, lembra. O motorista conta, ainda, que o acusado tentou matar o cachorro da família. “Ele fez da minha vida um inferno”, lamenta. A vítima chegou a pedir medida protetiva para a polícia. “A polícia me respondeu que medida protetiva só para mulheres”, resume.
“Sinto uma tristeza profunda e uma decepção pelo fato de ele não ter sido preso na época em que cometeu outros delitos. A justiça é muito falha. Desde que ele tentou me matar, jamais poderia ter saído da prisão. Agora, está aí, a tragédia aconteceu”, lamenta Edson.
Perfil e desafio
O assassino é filho único e cresceu sem pai. Edson acredita que seu ex-enteado foi provocado por colegas viciados em crack a executar o crime. “Ele sempre se mostrou ser o todo poderoso do ‘mau’; deve ter levado a sério alguma brincadeira de mau gosto para ir até as vias de fato”, diz.
“Eu lamento e rezo para que desta vez seja feita justiça. Que Deus cuide destes pais que ficaram órfãos dos seus filhos. Ele precisa ficar preso e não sair. Quero voltar pra minha casa. Minha família, tradicional no bairro, continua morando no mesmo lugar. Sinto falta de todos, quero voltar a respirar aliviado”, finaliza.
Insanidade?
A Polícia Civil de Santa Catarina estuda a possibilidade de pedir a instauração de insanidade mental do autor do ataque. Conforme o delegado-geral da Polícia Civil de Santa Catarina, Ulisses Gabriel, a equipe de investigação finalizou a análise do celular, que foi apreendido no dia do crime. Ele explica que não foram encontrados indícios que apontassem para outros envolvidos, o que mantém a tese inicial de que ele agiu sozinho e de maneira isolada.
O pedido de incidente de insanidade mental está previsto nos artigos 149 a 154 do Código Penal e ocorre quando há dúvida sobre a saúde mental da pessoa e se, na época dos atos, ele era ou não inimputável. Caso fique comprovada a doença, o processo é suspenso.
A polícia também afirmou que não há indícios de que o atentado ocorrido na creche Cantinho Bom Pastor, em Blumenau, esteja relacionado a algum jogo. Essa informação falsa circulou nas redes sociais desde quarta-feira (5), dia do massacre, no qual quatro crianças foram assassinadas.
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Fontes: Jovem Pan News; Metrópoles; Jornal Razão
Foto: reprodução vídeos
