Negociadores chegaram a um acordo preliminar para encerrar a guerra em Gaza entre Israel e o Hamas, após 15 meses de confronto que resultaram em dezenas de milhares de mortes e acirraram as tensões no Oriente Médio.
A proposta, ainda não oficializada, prevê um cessar-fogo inicial de seis semanas, retirada gradual das forças israelenses da região e troca de reféns por prisioneiros palestinos, segundo informações de uma fonte próxima às negociações. O anúncio foi feito pelo premier do Catar, que participou dos diálogos.
Na primeira etapa do acordo, 33 reféns israelenses, incluindo mulheres, crianças e homens acima de 50 anos, seriam libertados. A segunda fase, que começará no 16º dia da primeira, visa a liberação dos reféns restantes, um cessar-fogo definitivo e a retirada completa de tropas israelenses. Já a terceira etapa prevê a devolução de corpos, além da reconstrução de Gaza sob supervisão do Egito, Catar e Nações Unidas.
As negociações contaram com mediação de Egito e Catar, com apoio dos Estados Unidos, e acontecem em um momento de transição política nos EUA, às vésperas da posse de Donald Trump como presidente. Segundo fontes palestinas, o Hamas já deu sua aprovação verbal ao plano e aguarda detalhes para formalizá-lo por escrito.
Se implementado, o acordo pode interromper uma escalada que destruiu grande parte de Gaza, deslocou a maioria dos 2,3 milhões de habitantes e causou a morte de mais de 46 mil pessoas, de acordo com o Ministério da Saúde local. Além disso, o conflito gerou instabilidade na Cisjordânia, Líbano, Síria, Iêmen e Iraque, reacendendo o temor de uma guerra total entre Israel e Irã.
Contudo, desafios significativos permanecem. Uma questão central é a governança de Gaza no pós-guerra. Israel rejeita o envolvimento do Hamas, que controla o território desde 2007, mas também tem reservas sobre a Autoridade Palestina, que possui autoridade limitada na Cisjordânia.
Primeiro-ministro do Catar anuncia oficialmente cessar-fogo entre Hamas e Israel. De acordo com Mohammed bin Abdulrahman Al-Thani, fase 1 do acordo vai durar 42 dias e deve entrar em vigor no domingo (19). Ele revelou também as trocas de prisioneiros e restos mortais entre as… pic.twitter.com/JWiltL15EC
— GloboNews (@GloboNews) January 15, 2025
Internamente, o acordo pode aliviar a pressão pública sobre o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, cujo governo enfrenta críticas pela falha de segurança que permitiu os ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023, resultando na morte de 1.200 pessoas e no sequestro de mais de 250 reféns.Po r outro lado, a libertação de reféns é vista como crucial para amenizar a insatisfação da população israelense.
O conflito também ampliou a atuação de aliados do Irã no Líbano, Iraque e Iêmen, que intensificaram ataques contra Israel em solidariedade aos palestinos. Apesar disso, Israel ganhou vantagem estratégica ao eliminar líderes do Hamas e do Hezbollah em operações recentes.
Nos EUA, Trump pressionou por um acordo rápido, alertando para represálias caso os reféns não fossem libertados até sua posse. Seu enviado ao Oriente Médio, Steve Witkoff, trabalhou em conjunto com a equipe do presidente Joe Biden para viabilizar o plano.
Imediatamente, a ONU ordenou que dezenas de caminhões com ajuda humanitária se preparem para entrar imediatamente na região abalada por um dos piores conflitos em anos. O governo israelense começou a negociar com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha sobre como seria a troca de prisioneiros.
Antes mesmo de Benjamin Netanyahu fazer o anúncio, o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, se apressou a publicar em suas redes sociais que o acordo havia sido atingido, reivindicando a autoria. “Temos um acordo sobre os reféns no Oriente Médio”, disse. “Eles serão liberados em breve. Obrigado”, escreveu Trump.
Momentos depois, ele voltou às redes sociais para dizer que o acordo só foi possível graças a sua eleição. “Isso pois sinalizou para o mundo inteiro que meu governo buscaria a paz e negociaria acordos para garantir a segurança de todos os americanos e de nossos aliados”, disse.
Ele ainda indicou que seu enviado para o Oriente Médio, Steve Witkoff, continuaria a “trabalhar em estreita colaboração com Israel e nossos aliados para garantir que Gaza nunca mais se torne um refúgio seguro para terroristas”. “Continuaremos a promover a paz através da força em toda a região, à medida que aproveitamos o impulso desse cessar-fogo para expandir ainda mais os Acordos Históricos de Abraão. Este é apenas o começo de grandes coisas que estão por vir para os Estados Unidos e, de fato, para o mundo”, escreveu. ”
Já conquistamos muito sem estarmos na Casa Branca. Imaginem todas as coisas maravilhosas que acontecerão quando eu retornar à Casa Branca e minha administração estiver totalmente confirmada, para que eles possam garantir mais vitórias para os Estados Unidos”, disse. (Fontes: Reuters; UOL)