Uma máquina voadora concebida por Leonardo da Vinci há mais de 500 anos pode representar uma solução para um dos maiores incômodos causados pelos drones atuais: o barulho.
Conhecido como “parafuso aéreo”, o projeto esboçado pelo artista e inventor italiano no século 15 é considerado um ancestral do helicóptero, embora nunca tenha sido construído nem testado por ele.
Um estudo recente, publicado em 11 de junho no repositório científico arXiv, simulou a operação do “parafuso” em ambiente virtual e revelou resultados promissores. A equipe de pesquisadores criou uma versão digital da máquina e a submeteu a diferentes testes em um túnel de vento simulado.
Os dados mostraram que o dispositivo poderia gerar a mesma força de sustentação de um drone moderno com menor velocidade de rotação – o que se traduz em menos consumo de energia.
Além disso, o padrão de fluxo de ar e a pressão ao redor da estrutura sugerem que o “parafuso aéreo” seria mais silencioso do que os sistemas convencionais de hélice. “A ideia era reunir inspiração histórica e computação moderna para reimaginar um drone moderno mais silencioso”, afirmou Rajat Mittal, professor de engenharia mecânica da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos.
Na concepção original de Leonardo, o parafuso seria movido por força humana. No entanto, os pesquisadores indicam que o uso de um motor elétrico moderno poderia permitir seu funcionamento de maneira eficiente. O desenho em espiral com lâmina única pode, inclusive, superar os designs alternativos já estudados por outros cientistas – como hélices com formato de laço, também projetadas para diminuir o ruído.
Essas hélices modernas tentam reduzir o som causado por pequenos redemoinhos de ar que colidem com as bordas das pás tradicionais. A proposta de Da Vinci, ao evitar essas interações aerodinâmicas agressivas, teria uma vantagem adicional no combate à poluição sonora.
O próximo passo da equipe de Mittal é investigar maneiras de aprimorar o projeto sem abrir mão da discrição sonora. Isso se torna ainda mais relevante diante da crescente presença de drones em áreas urbanas, especialmente para entregas de encomendas.
Nos Estados Unidos, por exemplo, a Administração Federal de Aviação (FAA) recebe milhares de queixas anuais sobre o ruído causado por drones. Um levantamento realizado pela Nasa em 2017 revelou que, mesmo quando comparado a veículos terrestres no mesmo nível de volume, o som dos drones é percebido como mais incômodo pelos ouvintes.
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