Inflação já consome boa parte da renda das famílias brasileiras

direitaonline



Os custos com alimentação têm se tornado uma preocupação crescente para as famílias brasileiras, especialmente para aquelas com menor poder aquisitivo. Segundo uma reportagem do jornal O Globo, o aumento nos preços dos alimentos intensifica a percepção de qualquer variação por parte dos consumidores, que sentem o impacto de forma mais severa no dia a dia.

Dados inéditos de um estudo conduzido pelo economista André Braz, coordenador de Índices de Preços da FGV, revelam que, para as famílias com renda entre 1 e 1,5 salário mínimo (hoje em R$ 1.518), os gastos com comida já representam 22,61% do orçamento.



Em janeiro de 2018, esse percentual era de 18,44%, uma diferença notável mesmo com a política de reajuste do salário mínimo acima da inflação implementada em 2023. Desde o início de 2020, os preços dos alimentos consumidos em casa acumulam alta de 55,87%, superando com folga os 33,46% registrados pelo IPCA, índice oficial de inflação do IBGE.

André Braz explica a dinâmica desse cenário: “Como é um consumo de itens básicos, você pode até substituir itens da alimentação, mas não deixa de comprar.



A despesa vai comprometendo parte cada vez maior do orçamento”. Ele destaca que, apesar de uma leve trégua em 2023, com queda de 0,52% no peso dos alimentos no orçamento, os valores altos acumulados mantêm a pressão sobre as famílias.

O impacto dos preços dos alimentos também reverbera na política. Especialistas apontam que essa inflação contribui para a perda de aprovação do presidente Lula. Luiz Roberto Cunha, professor da PUC-Rio e experto em inflação, prevê que o IPCA fechará 2025 em 5,03%, enquanto os alimentos devem subir 3,91%.



“Alimentação subiu muito desde 2020, tem ficado acima da inflação. Mesmo se parar de subir, está num patamar alto. Qualquer alta tem peso maior no bolso do consumidor”, afirma Cunha, prevendo ainda que a carne, após alta de 20% no último ano, deve subir 6% em 2025.



O estudo mostra que, entre as famílias de renda muito baixa (até R$ 2.202,02), o gasto com comida chega a 29% do orçamento, superando despesas como habitação (aluguel, luz e gás) e transporte. Mesmo nas camadas mais ricas, com renda acima de 30 salários mínimos, o peso dos alimentos cresceu, passando de 9,23% em 2018 para 11,32% atualmente.



Em 2023, com alta de 8,23% nos preços da alimentação no domicílio, Braz descreve o período como uma “tempestade perfeita” que disparou os custos da comida no Brasil. E mais: Elon Musk dá ultimato a servidores federais nos EUA. Clique AQUI para ver.

Gostou? Compartilhe!
Next Post

Vai subir: mercado eleva, pela 19ª vez seguida, a previsão da inflação

As previsões para a inflação brasileira em 2025 continuam em trajetória ascendente, conforme apontado pelo relatório Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central. O documento, que reúne estimativas de analistas do mercado, reflete um cenário de desafios econômicos, com destaque para a alta nos preços dos alimentos e bens industriais, agravada […]