O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, revelou suas preocupações em relação às eleições argentinas, especialmente em caso de uma vitória de Javier Milei, apelidado de “Bolsonaro argentino.” Aproximando-se das urnas, a incerteza quanto ao futuro das relações bilaterais entre Brasil e Argentina ganha destaque.
Haddad reconheceu que a possibilidade de Milei chegar ao poder tem inquietado o governo brasileiro, dada a proximidade geográfica e a importância das relações comerciais entre os dois países. “É natural que eu esteja (preocupado). Uma pessoa que tem como uma bandeira romper com o Brasil, uma relação construída ao longo de séculos, preocupa. É natural isso. Preocuparia qualquer um… Porque em geral nas relações internacionais você não ideologiza a relação,” afirmou Haddad em entrevista à Reuters.
Na verdade, Milei disse que irá retirar a Argentina do Mercosul e que o país vizinho, sob sua gestão, não terá relações de estado com o Brasil. O argentino não disse nada sobre impedir relações comerciais com o Brasil. É a mesma posição dele em relação à China.
Durante a campanha, Milei fez críticas contundentes Lula, chamando-o de “comunista raivoso” e “socialista com vocação totalitária.” Além disso, o candidato argentino declarou que, no contexto do Mercosul, a Argentina seguiria um caminho próprio, caso fosse eleito.
Haddad ressaltou a importância de não transpor as questões internas para as relações internacionais e lembrou que Lula mantém relações amigáveis com líderes de diferentes espectros políticos. “É um vizinho do Brasil, principal parceiro na América do Sul. Então preocupa quando um candidato diz que vai romper com o Brasil. Você fez o quê para merecer esse tipo de tratamento?”
Lula mantém uma relação de amizade pessoal com o presidente socialista argentino em exercício, Alberto Fernández, que o visitou na prisão logo após sua eleição. O candidato de Fernández é seu ministro da Economia, Sergio Massa, que disputa a preferência dos eleitores com Milei, de acordo com as pesquisas mais recentes.
A Argentina enfrenta uma crise econômica severa e buscou a ajuda do Brasil no governo petista para questões relacionadas ao financiamento de importações. No entanto, as negociações não avançaram, e agora, às vésperas da eleição, os argentinos terão que aguardar o resultado do pleito para vislumbrar alguma solução.
Haddad admitiu que o governo brasileiro trabalhou em quatro propostas que previam garantias para o Brasil aceitar financiar as importações da Argentina, mas nenhuma delas progrediu devido à impossibilidade ou falta de habilidade do governo vizinho em atender às exigências. “Agora não tem o que fazer. No domingo, nós temos o primeiro turno na Argentina. Ou seja, só depois… E porque também não dá nem tempo. Mesmo que você chegue a um desenho vai ter que esperar o resultado da eleição. Então, é natural que seja assim,” afirmou.
As propostas brasileiras permanecem válidas, segundo Haddad. No entanto, dependendo do resultado eleitoral, o futuro do relacionamento entre Brasil e Argentina pode tornar-se incerto. E veja também: Câmara aprova entrada da Bolívia no Mercosul. Clique AQUI para ver.
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