‘Vender alma ao demônio’ x ‘não fala pelo partido’: as farpas entre Haddad e Lindbergh sobre o arcabouço

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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o deputado petista Lindberg Farias (PT-RJ) andaram se estranhando esta semana por meio de declarações à imprensa. Neste sábado (8), foi a vez do chefe da pasta de economia rebater o colega parlamentar e ‘negar’ que tenha ‘vendido alma ao demônio’.

A história começa com uma entrevista de Farias à Folha de São Paulo, na quarta-feira (5), em tom crítico à proposta de Haddad para o ‘arcabouço fiscal’. Ele comparou a apresentação do novo conjunto de regras fiscais com o “Grande Sertão: Veredas [livro de Guimarães Rosa]“: “Riobaldo tenta vender a alma ao diabo e o diabo nem responde. É mais ou menos o que está acontecendo com o arcabouço”.

Na declaração, ele também acusa o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de inércia quanto aos juros, mesmo após suposta demonstração de ‘responsabilidade fiscal’ do governo petista.

“A gente apresentou o arcabouço e eles nem se moveram. Mantiveram a projeção de juros”, disse Lindbergh. “Veja a última ata do Copom. Esses caras estão endurecendo muito. Uma tese que é clássica na esquerda é a seguinte: no momento que a economia está crescendo, você faz superávit. No momento que a economia desacelera, o investimento tem um multiplicador muito grande”, completou o deputado.

Hoje (8) foi a vez do ministro rebater o deputado em entrevista ao mesmo jornal paulista. “Manifestações críticas e elogiosas vão acontecer em qualquer agremiação. Agora quem fala pelo Partido dos Trabalhadores é a sua Executiva, com todo respeito a vozes internas. Nada obsta a um deputado em exercício de seu mandato apresentar o seu projeto”, declarou Haddad –que trava um embate com uma ala mais à esquerda do PT, representada por Farias e pela presidente da Legenda, Gleisi Hoffmann.

Haddad disse ainda que não fez “pacto nem com A nem com B”. “O que eu fiz foi fechar uma equipe técnica de altíssima qualidade, definir um desenho, levar esse desenho para pessoas tão diferentes quanto Esther Dweck [Gestão] e Simone Tebet [Planejamento], que pensam muito diferente, e falar com Ministério do Desenvolvimento, Casa Civil, presidente da República”. Como se percebe, Lindbergh foi deixado de lado pelo Ministro.


Fontes: Folha de SP; Poder360
Fotos: Agência Câmara; Ministério da Economia

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