O governo de Luiz Inácio Lula da Silva tem nomeado 323 aliados para conselhos de estatais ou empresas privadas das quais a União é acionista, conforme o Estadão.
Esses cargos, que oferecem remuneração apenas pela participação nas reuniões dos conselhos, podem gerar salários de até R$ 80 mil. Os nomeados incluem ministros, secretários-executivos, assessores do Palácio do Planalto, dirigentes do PT, ex-parlamentares do partido e apadrinhados do Congresso.
O Planalto afirmou que as nomeações seguem a Lei das Estatais e passam por comitês de elegibilidade que garantem a conformidade dos processos de indicação, conforme o Estadão.
Para identificar os beneficiados, o jornal fez mais de 40 pedidos com base na Lei de Acesso à Informação, cruzando dados de empresas e documentos dos ministérios. O levantamento incluiu conselheiros que têm ou já tiveram cargos de indicação política durante o atual mandato de Lula, além daqueles ligados aos partidos da base aliada e a lideranças do Congresso, como o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e o ex-presidente da Câmara, Arthur Lira.
Conselhos fiscais e de administração de empresas estatais ou mistas são responsáveis por decisões estratégicas, mas, conforme o Estadão, muitos dos indicados não possuem experiência técnica nas áreas, sendo nomeados por apadrinhamento político.
Um exemplo disso é a chefe de gabinete da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais, que, formada em jornalismo, é conselheira da Empresa Gerencial de Projetos Navais (EMGEPROM), vinculada ao Comando da Marinha.
Outra nomeação criticada foi a de Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial, que, antes de assumir o cargo, era professora de inglês e diretora de um instituto de direitos humanos. Ela foi indicada para o conselho da metalúrgica Tupy, uma empresa privada que tem o BNDES como acionista.
O Estadão também destaca que ministros como Carlos Lupi, da Previdência, e Vinícius Marques de Carvalho, da Controladoria-Geral da União, receberam nomeações para conselhos, o que pode aumentar consideravelmente seus contracheques. No caso de Lupi, somando o salário de ministro e os jetons das empresas, ele pode receber até R$ 83 mil mensais.
A nomeação de aliados políticos para cargos em empresas estatais não é uma prática exclusiva do Executivo, segundo o Estadão. Também há indicações de apadrinhados do Congresso, como Ana Paula de Magalhães, chefe de gabinete de Davi Alcolumbre, que ocupa o conselho da PPSA, subsidiária da Petrobras, e Micheline Xavier Faustino, assessora de Rodrigo Pacheco, que integra o conselho da Eletronuclear.
A prática de nomear aliados políticos para esses cargos tem sido vista como uma forma de distribuir benefícios, já que as remunerações dos conselheiros, em algumas empresas, podem superar os R$ 30 mil mensais. O levantamento mostra que, entre os conselheiros de estatais e empresas mistas, estão também ex-deputados do PT e líderes sindicais.
Por fim, o Estadão ressalta que a distribuição de cargos nos conselhos não se limita ao Executivo. O governo também utiliza essas posições para agradar ao Congresso, com a indicação de aliados como membros de conselhos da Petrobras e outras grandes empresas estatais. E mais: Petrobras pode reduzir dividendos se preço do petróleo seguir em queda. Clique AQUI para ver. (Foto: EBC; Fonte: Estadão)