O governo Lula gastará cerca de R$ 20 milhões em campanha publicitária contra fake news e a criação da plataforma “Brasil contra Fake”. A apuração é do portal Poder360, divulgada nessa quinta-feira (30).
“O objetivo seria combater notícias falsas a respeito da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A 1ª fase, divulgada no domingo (26), custou R$ 6 milhões ao Executivo, segundo a Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República). “, diz a reportagem.
A campanha #BrasilContraFake contempla TVs abertas, fechadas e segmentadas, rádios no interior do país, cinema, portais e sites, redes sociais e formas ‘inovadoras’ de comunicação. Uma observação: essa é a 1ª fase da campanha, com previsão inicial de veiculação por 3 meses”, disse a Secom ao Poder360.
Ainda de acordo com o levantamento, a campanha é assinada por quatro agências: Agência Nacional de Propaganda, Propeg Comunicação, Calia/Y2 Propaganda e Marketing e a Nova/SB Comunicação. A maior parte do valor gasto com a campanha nesta primeira fase vai para os cofres das empresas de comunicação: são cerca de R% 5,6 milhões embolsados por TV, rádios, jornais, etc. A produção saiu ‘mais baratinho’: R$ 491 mil.
Com o tema “Quem espalha fake news espalha destruição”, a campanha do governo federal “aborda o impacto do problema no dia a dia da população”. A ideia, diz o governo Lula, é “retratar os mais variados perfis de pessoas para mostrar que estamos todos do mesmo lado e qualquer um pode se tornar vítima de uma notícia falsa.”.
A iniciativa ainda conta com uma agência de checagem própria de informações divulgadas nas redes sociais e até um canal de ‘denúncia’. Assista à propaganda abaixo!
Especificamente sobre a agência de checagem particular de Lula, até mesmo as tradicionais fast-checkings criticaram a medida. “Não existe checagem de fatos sem apartidarismo. Ou seja, a partir do momento que o governo está fazendo isso, ele está fazendo comunicação institucional e não checagem de fatos. Se isso chega na sociedade, isso causa uma desordem informacional”, declarou Natália Leal, diretora-executiva da Agência Lupa em posicionalmente ao Poder360.
Uma curiosidade é que a agência ‘brasil contra fake’ do governo republica boa parte do conteúdo de conhecidas agências, como Aos Fatos, Lupa e Fato ou Fake (g1). Ou seja, faz ainda menos sentido para o governo criar uma plataforma para publicar o que já foi publicado.
“Existe um site específico, desenvolvido pelo governo, para publicar esclarecimentos e para fazer a sua comunicação institucional que está se apropriando de um discurso de checagem de fatos. Esse detalhe pode parecer pequeno, pode parecer até uma preocupação corporativista… mas não é. Porque para se ter o exercício da checagem de fatos a gente precisa que a checagem seja feita com transparência e apartidarismo”, declarou Leal.
Quem também criticou fortemente a ação da comunicação do Governo Lula foi o jornal O Estado de São Paulo em editorial. “O governo Lula da Silva avocou para si, agora oficialmente, a tarefa de arbitrar o que é verdade ou mentira no debate público. O Brasil Contra Fake não se trata de outra coisa senão mais uma manifestação do velho cacoete autoritário dos governos lulopetistas.”, disse o veículo em posicionamento oficial.
O Estadão também chama atenção para uma segunda intenção da agência de checagem do governo federal: “Não se pode desconsiderar também que o Brasil Contra Fake pode se descortinar como uma tentativa de desqualificar eventuais críticas ao governo formuladas por jornalistas profissionais ou por adversários políticos”. Clique AQUI para ver mais.