O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, se pronunciou sobre as recentes declarações do partido Chega, de Portugal, que demonstrou interesse em investigar o Fórum de Lisboa, evento anual que ele organiza em parceria com instituições acadêmicas do Brasil e de Portugal.
Em entrevista à CNN Brasil, o decano da Corte afirmou que as críticas podem ter sido motivadas por influências vindas do Brasil, especialmente de figuras políticas.
Segundo Mendes, o líder do Chega, André Ventura, pode ter sido movido por “impulsos dos nossos políticos brasileiros”, citando a rápida repercussão nas redes sociais e mencionando diretamente o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que publicou sobre o assunto logo após as falas de Ventura.
O ministro destacou ainda que cerca de 400 mil brasileiros participam das eleições em Portugal e que esse tipo de discurso pode ter como alvo esse grupo de eleitores.
Rebatendo as insinuações sobre o evento, Gilmar Mendes assegurou a seriedade da organização do Fórum: “O Fórum é absolutamente transparente, feito por instituições extremamente responsáveis: o IDP, a FGV, a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa”, afirmou.
Ele garantiu que eventuais investigações não teriam efeitos concretos: “Na verdade, se houvesse investigação, ela resultaria inefectiva, não há nenhum problema quanto a isso”.
Em outro momento, desta vez em entrevista ao portal Metrópoles, Mendes comentou com ironia os questionamentos em torno do Fórum.
“Recebo (a ameaça) com extremo bom humor. Passamos por vários momentos em 13 anos do fórum. Já disseram que era o ‘Fórum do impeachment da Dilma’, porque tinham pessoas simpatizantes do impeachment. Um professor fez uma manifestação lá na porta. Agora vem esse episódio”, disse.
Ainda sobre a possível influência brasileira, ele ironizou: “Segundo me informam, seria um apelo do Eduardo Bolsonaro, esse herói que está nos Estados Unidos e que dizia que, com um cabo e um soldado, ele iria fechar o Supremo”.
Gilmar também brincou com o apelido ‘Gilmarpalooza’ dado ao evento, comparando-o com um festival musical: “Eu acho graça, bem-humorado. É mais do que um evento do Gilmar, é um evento bipartite com a Universidade de Lisboa, a FGV e muita gente que colabora. São mais de três mil inscritos e 400 palestrantes em 50 painéis”.
Ele explicou que o Fórum ocorre em Portugal porque já existem muitos eventos jurídicos no Brasil. A edição deste ano, marcada para os dias 2 a 4 de julho, terá como tema “O mundo em transformação – Direito, democracia e sustentabilidade na era inteligente”.
O volume de participantes já provocou reflexos logísticos: voos saindo de Brasília rumo a Lisboa no início da próxima semana estão com ocupação máxima, segundo o ministro.
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