Fundador da XP faz análise preocupante sobre momento atual do Brasil

direitaonline



Durante o evento Journey, promovido pelo escritório Blue3 em Ribeirão Preto, o fundador da XP Investimentos, Guilherme Benchimol, lançou um olhar crítico sobre o atual momento econômico do Brasil.

Para o empresário, a situação das finanças públicas hoje é mais preocupante do que em 2016, ano em que a ex-presidente Dilma Rousseff foi afastada do cargo por impeachment. Ele apontou a falta de clareza nas diretrizes de longo prazo e a necessidade de reformas profundas como desafios centrais para o país recuperar a confiança do mercado e retomar o crescimento sustentável.



“As contas públicas hoje estão piores do que estavam lá atrás”, afirmou Benchimol, destacando a urgência de mudanças estruturais no orçamento governamental.

“É verdade que hoje talvez a direção não esteja tão clara a longo prazo. A gente tem que fazer mexidas estruturantes nas contas públicas do governo.”



Segundo ele, a chave para reconquistar o capital estrangeiro está na redução consistente das taxas de juros, que, em níveis como os atuais 15% ao ano, tornam o dinheiro “preguiçoso”.

Apesar do cenário desafiador, o investidor se mostrou otimista, prevendo que as curvas longas de juros devem começar a recuar em breve, acompanhadas por uma desaceleração da inflação — ou, nas palavras dele, um “arrefecer” — e um retorno mais sólido dos fluxos de investimento.



Benchimol também vinculou a volta dos investidores internacionais à estabilidade do câmbio, algo que, em sua visão, depende de um compromisso firme do governo com a disciplina fiscal e um plano econômico bem definido.

“Nesses últimos tempos, talvez esse cenário tenha ficado um pouco mais volátil e isso, evidentemente, deixa o estrangeiro mais assustado”, observou. “Mas eu acho que cada vez mais o governo fazendo o dever de casa, a gente vai convergir para a direção certa.”



Ele evitou previsões precisas sobre o dólar, atualmente na faixa de R$ 5,70, mas chamou atenção para a percepção de que o Brasil está “barato” no cenário global.

“A forma de ver que o Brasil está barato hoje é viajar”, sugeriu. “Experimenta almoçar em algum lugar dos Estados Unidos e compara quanto custa um almoço lá versus quanto custa aqui. O Brasil hoje é um país barato. Em algum momento, isso tende a corrigir.”



O diagnóstico de Benchimol ganha peso diante de projeções recentes. A meta de inflação para 2025, fixada em 3% com tolerância de 1,5 ponto percentual (entre 1,5% e 4,5%), está sob risco: um relatório do Banco Central de dezembro elevou de 28% para 50% a probabilidade de descumprimento.

Para o fundador da XP, o caminho passa por um ambiente fiscal sólido que estabilize o câmbio e, consequentemente, atraia de volta o capital externo.

Suas declarações no Journey refletem tanto um alerta quanto uma aposta cautelosa na capacidade do Brasil de reverter o quadro atual, desde que o “dever de casa” seja feito com determinação. E mais: Deputado do PT quer mudar forma da cobrança de multas de trânsito. Clique AQUI para ver. Clique AQUI para apoiar nosso trabalho!



Gostou? Compartilhe!
Next Post

Custos do STF superam os da Monarquia Britânica

O Supremo Tribunal Federal (STF), principal instância do Judiciário brasileiro, encerrou 2024 com um orçamento de R$ 897,6 milhões, valor que chama atenção quando colocado lado a lado com os gastos da Família Real britânica. Liderada pelo rei Charles 3º, a instituição Real europeia consumiu o equivalente a R$ 645,1 […]