O editorial publicado neste domingo (19) pela Folha de S.Paulo faz duras críticas à condução econômica e política do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O texto aponta que as decisões tomadas desde o início do mandato comprometeram a credibilidade do Executivo federal, especialmente em temas fiscais e de arrecadação.
Segundo o jornal, o governo “abriu a tampa do gasto público antes mesmo de tomar posse, abraçou toda e qualquer medida para aumentar a arrecadação, relaxou metas fiscais em vez de cortar despesas e desprezou reiterados alertas sobre a explosão da sua dívida”. Para o veículo, essas ações tornam a promessa de mudanças improváveis de ser levada a sério pela população.
A publicação destaca ainda um distanciamento entre o governo e a realidade dos trabalhadores informais, que formam uma ampla parcela do mercado: “Tampouco se verá livre de grande desconfiança um partido cujos quadros se desconectaram há muito tempo da realidade da volumosa fatia dos trabalhadores que batalha pelo pão amiúde na informalidade, deseja empreender e tem ojeriza a intromissões da burocracia nos seus afazeres”.
O episódio envolvendo a tentativa de ampliação dos mecanismos de comunicação obrigatória à Receita Federal sobre transações feitas via Pix é tratado como um exemplo emblemático de má condução. Para a Folha, apesar de notícias falsas terem circulado nas redes sociais sobre taxação, o governo cometeu erros estratégicos que potencializaram a insatisfação pública.
“O governo afirmava, corretamente, que não haveria taxação do Pix, mas omitia estrategicamente que o objetivo no final das contas seria aumentar a fiscalização e, portanto, a arrecadação. Foi esse o flanco explorado pela oposição”, escreveu o jornal. A mensagem de que trabalhadores autônomos, como feirantes e cabeleireiros, estariam mais expostos à fiscalização fiscal “espalhou-se depressa e amalgamou antipatia maciça contra a intenção do governo”.
A resposta inicial do governo também foi alvo de críticas, principalmente quando a administração afirmou que apenas criminosos seriam contrários à medida. “Em nada ajudou a resposta inicial do oficialismo, de dizer que só criminosos estariam interessados na anulação da medida”, ressaltou o editorial.
A Folha também vê com preocupação as reações governamentais para conter a crise, como a atuação da Polícia Federal e da Advocacia-Geral da União. Para o jornal, tais iniciativas podem comprometer a liberdade de expressão: “Daí até que se comece a criminalizar o exercício da oposição e a liberdade de crítica dos cidadãos vai uma distância pequena”.
Por fim, o texto argumenta que a solução para evitar mais desgastes econômicos e políticos é adotar a responsabilidade fiscal. “Aderir sem rodeios ao cânone da responsabilidade orçamentária e controlar despesas é o melhor que o governo Lula tem a fazer se quiser evitar dissabores na eleição do ano que vem”, conclui. Clique AQUI para ver na íntegra. (Foto: EBC)