No editorial desta quinta-feira (7), o jornal Folha de S.Paulo abordou a reeleição de Donald Trump, 78, à presidência dos Estados Unidos, descrevendo-a como um marco para o populismo conservador no século 21. Segundo o jornal, a vitória é um “feito maiúsculo” e reflete a insatisfação dos eleitores com o governo do presidente Joe Biden e da vice Kamala Harris, os quais não conseguiram consolidar uma mensagem de apoio popular.
Trump, agora reeleito, obteve tanto o Colégio Eleitoral quanto o voto popular, um feito inédito para um republicano desde a reeleição de George W. Bush.
Um ponto central da análise da Folha é a figura de Trump como um “mitômano condenado pela Justiça”, expressão que descreve alguém com compulsão por mentiras. O jornal destaca que Trump enfrenta acusações graves e já foi condenado judicialmente, ressaltando o impacto de seu retorno ao cargo mais alto dos EUA.
Esse retorno, segundo o editorial, indica que os eleitores ignoraram as controvérsias e escolheram alguém que “patrocinou um atentado histórico à liberdade”, referindo-se aos atos do Capitólio em 2021.
Além do impacto interno, o editorial aponta para possíveis turbulências no cenário global. “Os conflitos que assolam o planeta passarão por tensão adicional,” observa a Folha, prevendo que a política externa de Trump pode intensificar tensões em áreas sensíveis, como Ucrânia e Oriente Médio.
Em relação à Ucrânia, Trump deve favorecer uma posição mais alinhada aos interesses russos, beneficiando as ambições territoriais de Vladimir Putin. Isso também poderá colocar em dúvida o futuro da OTAN, uma vez que Trump já manifestou ceticismo em relação ao papel da organização.
Outro ponto de preocupação é o impacto das políticas de Trump na economia global. A Folha ressalta que o “prometido protecionismo comercial” pode ter repercussões em países como o Brasil, especialmente em áreas sensíveis como o comércio agrícola. O jornal alerta que o Brasil, atualmente liderado por Luiz Inácio Lula da Silva, poderia sofrer consequências econômicas caso Trump implemente políticas comerciais mais ‘restritivas’.
No Oriente Médio, o editorial prevê uma aliança mais sólida entre Trump e Israel, ao contrário do apoio mais moderado que o governo Biden ofereceu ao país. Essa proximidade poderá aumentar o risco de confrontos com o Irã, um país que já possui um histórico de atritos com os Estados Unidos.
O editorial finaliza com uma reflexão sobre o legado de Trump e o futuro de sua administração. Sem a possibilidade de reeleição, o ex-presidente poderia, segundo a Folha, “agir de forma espetacular” e buscar medidas que desafiem as normas institucionais do país, impulsionado por seu perfil populista e pela falta de compreensão sobre um “mundo mais facetado” do que há oito anos. Clique AQUI para ver na íntegra. (Foto: reprodução vídeo)