Ex-ministro da Justiça do PT diz que Bolsonaro não controla PF

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A prisão do ex-ministro da educação Milton Ribeiro, apesar de ter certo peso político contra o presidente Bolsonaro, enterrou mais uma teoria de opositores: a de que o chefe do executivo teria aparelhado a instituição para blindar seus filhos e aliados de qualquer investigação. Afinal, se com três anos e meio de governo não há escândalos de corrupção, é porque o governo não permite investigar. Essa teoria foi anulada ontem, até mesmo para o ex-ministro da Justiça do PT José Eduardo Cardoso.

Ele comandou a pasta no governo de Dilma Rousseff, entre 2011 e 2016, e viu diversos dirigentes do PT serem presos pela Polícia Federal. Diante de tantos escândalos, o partido, à época, tentava se defender alegando que (ao menos) não impedia investigação.

“Em um governo republicano, como era o nosso, sem tentativas de controle da PF, fatos como esse fazem parte da vida, seriam encarados como normais. Mas, num governo autoritário como o de Jair Bolsonaro, mostra uma contradição”, disse o ex-ministro à coluna de Mônica Bergamo, na Folha de SP, em sua versão online desta quinta-feira (23). “Ao contrário do que Bolsonaro pretende (sic), ele não está controlando o aparato do estado nem o aparelho policial como gostaria. Felizmente”, afirma.

Nota: Ou seja, como está provado que o presidente não interfere na corporação (como ela mesma confirmou após apuração; veja mais abaixo), a acusação passa a ser agora “apesar da vontade do presidente, ele não controla a PF”.

Segundo Cardozo, a prisão “mostra” que a tentativa de controle de Bolsonaro sobre a PF se mostrou inviável. “A polícia não é homogênea e, por mais que a cúpula tente, não existe controle hegemônico sobre a instituição”.

Outro ex-ministro
Em abril de 2020, Sergio Moro pediu demissão do Ministério da Justiça acusando Bolsonaro de interferir politicamente na Polícia Federal. Segundo disse na época, o presidente “queria alguém que ele pudesse ligar, colher informações, relatório de inteligência. Seja o diretor, seja o superintendente. E, realmente, não é o papel da Polícia Federal se prestar a esse tipo de função”. “Eu falei para o presidente que isso seria uma interferência política e ele disse que seria mesmo”, revelou o ex-juiz quando renunciou ao comando do ministério. “É algo que eu não posso concordar”, disse na ocasião.

Polícia Federal já negou
A Polícia Federal (PF) concluiu que não houve crime do presidente Jair Bolsonaro no caso da suposta interferência na corporação. De acordo com relatório enviado no fim de março ao Supremo Tribunal Federal (STF), o delegado responsável pelo caso afirma que os atos de nomeação foram feitos “dentro da legalidade e formalizados conforme a praxe administrativa”. A abertura do inquérito sobre a suposta interferência na PF foi autorizada em abril de 2020, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). O objetivo era apurar declarações do ex-juiz Sergio Moro, que, ao se demitir do cargo de ministro da Justiça, naquele ano, acusou o presidente de tentar interferir na PF por meio da troca do então diretor Maurício Valeixo, indicado por Moro. O relatório pediu o arquivamento do inquérito pela “inexistência de ingerência política”.

E veja também: Bolsonaro lamenta falecimento de amigo que o ajudou em início de sua vida pública. Clique aqui para ver.


Fontes: Folha de SP; Agência Brasil
Foto: Agência Brasil

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