Steve Bannon, ex-estrategista da Casa Branca e ainda figura influente no círculo de aliados de Donald Trump, afirmou que a retirada das tarifas de 50% impostas aos produtos brasileiros pelos Estados Unidos dependeria diretamente da extinção dos processos judiciais que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Derrubem o caso, derrubamos as tarifas”, disse ele à colunista Mariana Sanches, do UOL, ao ser questionado sobre uma possível negociação entre os dois países.
Apesar de Bannon não ocupar cargo formal na atual estrutura de campanha de Trump, ele continua atuando como conselheiro próximo. A declaração veio após a Casa Branca divulgar uma carta anunciando as tarifas como resposta àquilo que o governo americano considera perseguição judicial a Bolsonaro.
O Palácio do Planalto, no entanto, rejeitou, por enquanto, qualquer hipótese de ceder a esse tipo de pressão. Em nota oficial, Luiz Inácio Lula da Silva reforçou a posição do Brasil:
“O processo judicial contra aqueles que planejaram o golpe de Estado é de competência apenas da Justiça Brasileira e, portanto, não está sujeito a nenhum tipo de ingerência ou ameaça que fira a independência das instituições nacionais”.
Segundo Bannon, outras ações por parte da gestão Trump ainda estariam por vir. Ele mencionou, inclusive, possíveis sanções contra Alexandre de Moraes, relator dos processos que envolvem Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF).
Esse tipo de retaliação é uma demanda constante de apoiadores do ex-presidente brasileiro nos EUA, mas que até o momento não se concretizou.
Bannon também fez questão de afastar qualquer envolvimento do empresário bilionário Elon Musk nas sanções ao Brasil. “Elon Musk ficou completamente fora desse ‘loop’. Nunca o vi fazer qualquer menção ao Brasil”, afirmou.
Crítico de Musk, Bannon disse que o empresário “nunca tentou fazer nada pelos Bolsonaros” e que sua atuação política é irrelevante: “Musk é brilhante em engenharia e uma criança de 11 anos em política. Por isso foi moído e cuspido fora em Washington”.
Segundo ele, todo o esforço para convencer Trump da existência de uma perseguição judicial no Brasil partiu do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro e do comentarista Paulo Figueiredo, que teriam articulado reuniões com membros do Executivo e do Congresso americano.
Por fim, Bannon justificou o apoio do movimento MAGA a Bolsonaro com base em afinidades ideológicas. “Os Bolsonaros são amados aqui porque nós nos vemos neles, pessoas comuns indo às ruas e dizendo: ‘Ei, nossas vozes contam’”, concluiu. (Foto: reprodução vídeo; Fonte: UOL)
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