O governo dos Estados Unidos pediu ao Brasil para que aumente sua produção de petróleo como forma de diminuir a escalada mundial de preços do produto causada pela guerra na Ucrânia. As informações são do portal Valor Econômico.
A secretária de energia do governo americano, Jennifer Granholm, fez o pedido diretamente ao ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, durante conversa por videoconferência na última quinta-feira (10). Boa parte da interação foi para tratar da justamente da necessidade de aumentar a produção de petróleo no mundo “o mais rápido possível”.
“Os países que têm estoque, como Estados Unidos, Japão, Índia e outros, estão liberando. Mas também tem que ter o esforço de aumento da produção. Ela [Jennifer Granholm] me perguntou se o Brasil poderia fazer parte desse esforço, e eu falei ‘claro que pode’. Já estamos aumentando a produção, enquanto a maioria dos países da OCDE, reduziu. Nós aumentamos nossa produção nos últimos três anos”, revelou o Ministro ao jornal.
Albuquerque afirmou que os países membros da OCDE (posto ao qual o Brasil visa entrar) vão liberar 60 milhões de metros cúbicos (m³) de petróleo nos próximos dois meses, sendo metade só dos Estados Unidos. “É para tentar evitar a volatilidade do preço do petróleo no mundo, principalmente no mundo ocidental, para os países da OCDE”.
Desabastecimento
Segundo o chefe de Minas e Energia, além da alta de preços, em breve poderá haver desabastecimento de petróleo no mundo inteiro dada a diferença entre menos oferta x demanda. “Talvez não tenha diesel para atender a demanda de todos os países”, disse. Nos Estados Unidos, o estoque do produto atualmente está 20% abaixo da capacidade, e até mesmo países do oriente médio, grandes produtores de petróleo, estão com capacidade até 40% menor.
Albuquerque afirmou que, no Brasil, o armazenamento é acompanhado em cada região pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). Segundo ele, os estoques precisam ser mantidos em níveis mais elevados quanto mais distantes os tanques de armazenamento estiverem das refinarias. O cenário atual aliado às dificuldades características do Brasil fez com que o governo federal criasse um comitê de monitoramento, formado por órgãos do governo para verificar a situação de cada região diariamente.
Alta dos preços
“Na retomada econômica do mundo em 2021, começou a haver aumento da demanda. Ocorre que a oferta não se recupera imediatamente. O aumento da produção de óleo e gás leva um determinado tempo, além de que os investimentos nestes setores foram reduzidos”, explicou Bento.
Já sobre as medidas para conter a alta dos combustíveis, o ministro se mostrou um pouco menos otimista, ao afirmar que parte delas leva tempo para produzir resultados. É o caso do fundo de estabilização de preços, aprovado nesta semana. “Fundos não nascem da noite para o dia. Estoques também não são estabelecidos tão rápido assim”, afirmou.
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