Em editorial publicado nesta quinta-feira (9), o jornal O Estado de S. Paulo criticou duramente a nomeação de Sidônio Palmeira como ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom) por Luiz Inácio Lula da Silva. “Acabou o pudor”, escreveu o jornal.
Segundo o veículo, “o demiurgo petista decidiu parar de fingir que respeita os limites institucionais da Presidência e resolveu converter a Secom de vez em braço publicitário de sua campanha à reeleição.”.
De acordo com o Estadão, a mudança na Secom reflete a insatisfação de Lula com a gestão anterior de Paulo Pimenta, que, conforme o editorial, foi demitido “apenas por incompetência”. O veículo destacou que, na visão de Lula, o ex-ministro não conseguiu “convencer a opinião pública de que o governo é tão fabuloso quanto os petistas acham que é”.
O Estadão também relembrou críticas feitas por Lula à comunicação do governo. Segundo o editorial, em dezembro, o presidente já havia apontado que existia “um erro na comunicação” e prometido “correções necessárias”.
Participação de Sidônio em episódios polêmicos
O editorial apontou que Sidônio Palmeira já atuava nos bastidores da comunicação do governo antes mesmo de sua nomeação oficial, tendo participado de decisões controversas. “Sidônio, por exemplo, esteve presente na elaboração do ruinoso pronunciamento do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em novembro passado”, destacou o Estadão. O jornal relembrou que o discurso, que deveria demonstrar compromisso com o equilíbrio fiscal, acabou incluindo uma promessa de ampliação da isenção de Imposto de Renda, gerando críticas até de Haddad.
O jornal também citou a participação de Sidônio na produção de um vídeo em que Lula apresenta Gabriel Galípolo como futuro presidente do Banco Central. Segundo o Estadão, a peça “não deveria nem ter sido produzida”, já que a autonomia do Banco Central “não é um favor do presidente, e sim uma determinação legal”.
Ainda conforme o editorial, a comunicação do governo permanece “trôpega”, e o trabalho de Sidônio reflete dificuldades em “convencer os brasileiros de que o governo Lula, errático e demagógico, é melhor do que as aparências sugerem”.
Críticas à postura de Lula
O Estadão destacou a postura de Lula como um dos principais entraves para uma comunicação eficiente. “A lista de gafes e barbaridades cometidas pelo petista é extensa”, afirmou o editorial, citando exemplos como a defesa do ditador venezuelano Nicolás Maduro e as críticas ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Segundo o jornal, essas declarações contribuíram para a percepção de um governo “errático e demagógico” e geraram prejuízos à imagem do País.
Estratégia de redes sociais e reeleição
Conforme o editorial, Sidônio Palmeira já indicou que sua estratégia será reforçar a presença do governo nas redes sociais, “território em que a oposição a Lula costuma prosperar”. Além disso, o marqueteiro defendeu que o problema de comunicação vai além da Secom, envolvendo todos os ministérios. “O esforço eleitoral deve ser conjunto e coordenado”, ressaltou o jornal, apontando que a campanha à reeleição de Lula já estaria em curso desde o início do mandato.
O texto conclui que a escolha de Sidônio Palmeira reforça o foco do governo em garantir a continuidade no poder, deixando de lado a função institucional da Secretaria de Comunicação. “Sidônio não tem nenhuma experiência de governo nem de comunicação pública, mas nada disso é necessário quando o objetivo é ajudar Lula a se reeleger”, destacou o Estadão. Clique AQUI para ver na íntegra. (Foto: EBC)