O ex-juiz Sergio Moro se encontrou com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes na terça (2), um dia antes da retomada do julgamento no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) que decidirá sobre a cassação de seu mandato como senador.
A informação foi revelada incialmente pela jornalista Mônica Bergamo da Folha de SP e confirmada na sequência por outros jornalistas, que trouxeram mais informações sobre a reunião. Até o momento, nem o Ministro nem o Senador confirmam ou desmentem os supostos diálogos.
De acordo com Guilherme Amado, do portal Metrópoles, além dos dois, estava na conversa o senador Wellington Fagundes, do PL do Mato Grosso, que intermediou o encontro a pedido de Moro, devido ao bom trânsito que tem com Gilmar. Moro pouco falou, ao longo dos cerca de 90 minutos que o encontro durou.
Ele teria negado irregularidades que justifiquem uma investida como a que o corregedor nacional de Justiça, Luís Felipe Salomão, vem anunciando que fará, ao enviar ao Supremo Tribunal Federal o relato de suspostos desvios encontrados na 13ª Vara de Curitiba, em que Moro foi titular e de onde comandou a Lava Jato.
“Você e Dallagnol roubavam galinha juntos. Não diga que não, Sergio”, teria dito Gilmar, que a todo o tempo foi tratado de “ministro” e “senhor” por Moro, a quem preferia responder simplesmente por “Sergio” e “você”.
“Tudo o que a Vaza Jato revelou, eu já sabia que você e Dallagnol faziam. Vocês combinavam o que estaria nas peças. Não venha dizer que não”, continuou Gilmar, para um “assustado Moro”, segundo os jornalistas do Metrópoles e Andrea Sadi, da Globo.
Em outro suposto diálogo entre ambos, Gilmar disse a Sergio Moro: ““Certa vez, Sergio, o Paulo Guedes veio aqui ao meu gabinete e disse orgulhoso que havia sido ele quem havia ido a Curitiba convidar você para ser ministro do Bolsonaro. Eu disse a ele que talvez ele não tenha percebido, mas, ao conseguir tirar você de Curitiba, ele deveria colocar isso no currículo. Foi certamente um dos maiores feitos dele no ministério”, tripudiou Gilmar, diante de um Moro com sorriso amarelo.
Sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro, o jornalista do Metrópoles reporta que Moro disse que havia rompido quando percebeu, em 2020, que estava ‘sendo usado’. Mas não comentou sobre ter reatado com Bolsonaro em 2022, nem sobre o apoio a ele e a assessoria que lhe prestou durante debates contra Lula.
O ministro seguiu com mais ironias ao ex-juiz da Lava-Jato e recomendou ‘leituras’, de acordo com relatos da imprensa. ““Você faltou a muitas aulas, Sergio. Curitiba não te ajudou em nada. Aproveite que está no Senado e estude um pouco. A biblioteca do Senado é ótima, você deveria frequentar”.
Por fim, Sergio Moro não pediu nenhuma ajuda ao processo que pode tomar seu mandato. O relator do caso, inclusive, votou pela absolvição. Contudo, Moro teria questionado ambos poderiam manter o canal de diálogo aberto. Gilmar Mendes disse que sim. Moro agradeceu ao ministro a audiência e voltou ao Senado. E mais: O dia de Bolsonaro em Goiânia, com apoio à pré-candidatura de Gustavo Gayer (PL-GO). Clique AQUI para ver. (Foto: Gilmar Mendes e o então juiz federal Sergio Moro no plenário do Senado em 2016 – Geraldo Magela -1º.dez.2016/Agência Senado)