Empresa tradicional de produtos de limpeza entra com pedido de recuperação judicial

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Conhecida por seus produtos de limpeza e higiene doméstica há décadas nas casas brasileiras, especialmente a esponja de aço, a Bombril anunciou nesta segunda-feira (10) que, junto com outras empresas do grupo, protocolou um pedido de recuperação judicial.

Em comunicado ao mercado, a companhia informou que enfrenta “contingências tributárias relevantes”, principalmente relacionadas a autuações da Receita Federal por suposta falta de pagamento de tributos, estimados em cerca de R$ 2,3 bilhões.



Esses débitos, segundo a empresa, referem-se a operações de compra de títulos de dívida estrangeiros realizadas entre 1998 e 2001, envolvendo a Bombril e um veículo do grupo italiano Cragnotti & Partners, que controlava a companhia na época.

No fato relevante, a Bombril explicou que sua diretoria reavaliou as probabilidades de derrota nos processos judiciais e analisou alternativas para enfrentar o problema.



De acordo com a empresa, o risco de perda nessas ações judiciais representa uma “ameaça aos bons resultados contábeis que vêm sendo obtidos pela Bombril, expondo a companhia a riscos considerados elevados, relacionados à reavaliação da sua capacidade de adimplência por parte de fornecedores e financiadores e, no limite, à descontinuidade de determinadas relações comerciais e vencimento antecipado de dívidas”.



A Bombril destacou que o pedido de recuperação judicial tem como objetivo viabilizar negociações para reestruturar sua dívida, assegurar a continuidade das operações e proteger seu caixa.

“Com a recuperação judicial, a companhia será capaz de manter a sua capacidade operacional e reestruturar adequadamente seu passivo, por meio de um processo célere e com o menor impacto possível aos direitos dos credores e às atividades operacionais”, afirmou a empresa no comunicado.

História
A Bombril é uma empresa brasileira reconhecida pela fabricação de produtos de higiene e limpeza doméstica. Fundada em 14 de janeiro de 1948, na cidade de São Paulo, por Roberto Sampaio Ferreira, a companhia surgiu com a criação de uma lã de aço desenvolvida para facilitar a limpeza de panelas de alumínio. O sucesso foi imediato, tornando a marca sinônimo do produto no Brasil.



Com a boa aceitação no mercado, a empresa diversificou seu portfólio e passou a oferecer outras soluções de limpeza. Já no primeiro ano de operação, foram vendidas 48 mil unidades da lã de aço.

Em 1961, a Bombril incorporou a Companhia de Produtos Químicos – Fábrica Belém, responsável pelas marcas Sapólio e Radium, que deram origem à linha Sapólio Radium. No ano seguinte, adquiriu a Q’Lustro, que detinha 25% do mercado nacional de lã de aço. Em 1964, lançou uma embalagem plástica contendo seis unidades do produto, o que se tornou um diferencial na época.



Em 1978, a marca ganhou ainda mais notoriedade com a criação do icônico personagem “Garoto Bombril”, interpretado pelo ator Carlos Moreno. Nesse período, a empresa também expandiu sua linha de produtos com o detergente Limpol e os desinfetantes Pinho e Kalipto. No dia 1º de junho do mesmo ano, a companhia passou a se chamar Bombril Indústria e Comércio. Em 1983, lançou o amaciante Mon Bijou e inaugurou uma fábrica na Bahia.



A década de 1990 marcou novas expansões. Em 1993, foi lançada a marca de sabão em pó Quanto e adquirida a empresa Orniex. Em 1995, a multinacional alemã Henkel assumiu 25% das ações da Bombril, mas a participação retornou ao grupo Cragnotti no ano seguinte. Ainda em 1995, a empresa vendeu duas fábricas de sabão em pó para a Procter & Gamble.

No final da década, a Bombril diversificou seus negócios ao comprar a fabricante italiana de conservas de tomate Cirio, além de patrocinar o São Paulo Futebol Clube. Em 1998, lançou os limpadores Bombril Multi Uso e Multi Limpeza. No entanto, no início dos anos 2000, enfrentou dificuldades financeiras, incluindo disputas judiciais entre acionistas e pedidos de falência por fornecedores. Após um período de instabilidade, retomou as operações e passou a enfrentar forte concorrência da Assolan.



Mesmo diante dos desafios, a Bombril seguiu inovando. Em 2002, lançou o inseticida Atak e a esponja sintética para banheiro. Em 2008, adquiriu a fabricante de produtos de limpeza Milana e, em 2010, introduziu o Q’Brilho no mercado. No ano seguinte, investiu no setor de cosméticos ao comprar 75% da marca Ecologie por R$ 15 milhões, dando origem à Bril Cosméticos. Em 2012, lançou um limpador específico para telas de LCD e LED.



Em janeiro de 2021, a empresa incorporou à linha Limpol um pano umedecido com álcool 70%, em resposta à crescente demanda por produtos sanitizantes. Já em 10 de fevereiro de 2025, a Bombril comunicou ao mercado, por meio de um fato relevante, a reavaliação das chances de perda em processos judiciais relacionados a autuações da Receita Federal, que somam aproximadamente R$ 2,8 bilhões, envolvendo supostas irregularidades no recolhimento de tributos em operações com títulos de dívida estrangeiros.



Com mais de sete décadas de história, a Bombril segue como uma das principais referências no mercado de limpeza no Brasil, enfrentando desafios e apostando em inovação para manter sua posição de destaque. E mais: Saiba quanto o governo gasta com assessores de Janja em viagem à Itália. Clique AQUI para ver. (Fotos: Free Pik; reprodução vídeo; Fonte: Folha de SP)

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