O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), foi bem-sucedido em sua indicação para o comando da Caixa Econômica Federal, um banco que negocia verbas publicitárias com uma empresa ligada ao seu filho. Arthur Lira Filho, de 23 anos, é sócio da Omnia 360, uma empresa que atua como representante de veículos de mídia envolvidos em campanhas da Caixa e de outros órgãos públicos. A informação foi revelada pelo jornal Folha de São Paulo.
A nomeação para a presidência do banco recai sobre o funcionário de carreira Carlos Antônio Vieira Fernandes, confirmada pelo governo Lula (PT).
A Omnia 360 tem empresas como a OPL Dikgital e a RZK Digital em sua lista de clientes que participaram de campanhas de publicidade da Caixa em 2022 e 2023. No entanto, os valores pagos a cada veículo não são divulgados publicamente.
Além disso, a Rocket Digital também é uma fornecedora da Caixa e possui conexões com a Omnia, uma vez que sua sócia, Maria Cavalcante, é sócia da Omnia, e seu proprietário, Rodolfo Maluf Darakdjian, é dono da OPL. Maria Cavalcante é filha de Luciano Cavalcante, ex-assessor de Arthur Lira, que foi alvo de uma operação da Polícia Federal relacionada a desvios na compra de kits de robótica.
A empresa Omnia, aberta em 2021, não possui contratos diretos com a Caixa ou órgãos públicos, mas recebe comissões dos veículos que representa sempre que essas empresas exibem anúncios em diferentes mídias. A empresa de Arthur Lira Filho atua como representante e acompanha os veículos clientes em reuniões.
Registros da Caixa mostram 26 entradas de sócios da Omnia no banco entre 2021 e 2022, incluindo quatro de Lira Filho. No entanto, o último registro de entrada do filho do presidente da Câmara data de abril do ano passado, e a Caixa afirmou que não recebeu representantes da Omnia em 2023. Reuniões também ocorreram entre representantes da Omnia e funcionários da Caixa responsáveis pela área de publicidade e marketing.
Até o momento, Caixa, Omnia, OPL, RZK e Rocket não responderam às solicitações de comentários da reportagem em relação a possíveis conflitos de interesse nas relações do banco com o filho de Arthur Lira. O presidente da Câmara preferiu não se manifestar sobre o assunto.
Em junho, a OPL afirmou à Folha que a empresa de Lira Filho recebe 15% dos valores líquidos negociados com as agências do governo, uma porcentagem considerada padrão para todos os representantes no Brasil. Clientes da Omnia já veicularam anúncios em campanhas publicitárias de órgãos como a Secom, os ministérios da Saúde e Educação, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal.
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