Deputados e senadores do Partido dos Trabalhadores destinaram, ao longo dos últimos sete anos, um total de R$ 5,5 milhões em emendas parlamentares para a fundação responsável pela TV dos Trabalhadores (TVT), emissora com linha editorial próxima ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A reportagem é do Metrópoles.
Entre os 21 parlamentares envolvidos nos repasses estão os atuais ministros Alexandre Padilha (Saúde), Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário).
Os valores foram enviados à Fundação Sociedade, Comunicação, Cultura e Trabalho, entidade mantida pelos sindicatos dos Metalúrgicos do ABC e dos Bancários de São Paulo.
Segundo o diretor da TVT, Maurício Júnior, os recursos públicos ajudam a complementar os investimentos da fundação, especialmente na criação de novos programas voltados à comunicação de interesse público. “As emendas financiam projetos que mostram o Brasil real, com suas periferias, juventudes, mulheres, povos do campo e comunidades tradicionais”, afirmou ao veículo.
A emissora integra a Rede Nacional de Comunicação Pública (RNCP) e tem convênios antigos com a Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), firmados durante gestões petistas.
Em 2023, com a volta de Lula à Presidência, a TVT renovou sua parceria com a EBC. No fim de 2024, dois novos contratos foram assinados: um, de R$ 1,8 milhão, para compra de equipamentos, e outro, de R$ 800 mil, para produção de 100 programas jornalísticos — ambos pagos com emendas parlamentares.
A ministra Gleisi Hoffmann confirmou o envio de R$ 250 mil em fevereiro deste ano e outros R$ 100 mil em 2023. Questionada, sua assessoria não comentou se a destinação dos recursos teve motivação política.
Já a assessoria de Padilha defendeu a legalidade das transferências, afirmando que “a TVT tem programação educativa, não se trata de um veículo comercial nem partidário”. Segundo a nota, todas as emendas foram registradas no Portal da Transparência, sem contestação de órgãos de controle.
O ministro Paulo Teixeira, por sua vez, justificou as emendas como apoio à produção cultural e artística das periferias. Ele encaminhou R$ 100 mil em 2021, durante o governo Jair Bolsonaro, e mais R$ 100 mil já como ministro.
A TV dos Trabalhadores (TVT) tem origem no início dos anos 1980, no berço do sindicalismo brasileiro. A semente do projeto foi plantada em 1983, quando Luiz Inácio Lula da Silva, então dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, trouxe da Europa uma câmera de vídeo.
No ano seguinte, o sindicato criou um departamento de audiovisual com apoio financeiro de uma entidade holandesa, dando início à produção de conteúdos voltados para a classe trabalhadora. Em 1987, o sindicato solicitou ao governo federal a concessão de um canal de televisão, mas o pedido foi negado. Ainda assim, em 1994, a entidade conseguiu manter um programa próprio durante nove meses na grade da TV Record, por meio da compra de espaço na programação.
A TVT foi oficialmente fundada como emissora de televisão em 2010, sob a liderança do sindicalista Elizeu Marques da Silva, que faleceu em 2013.
Desde então, a emissora passou a operar como um canal público com linha editorial alinhada às pautas dos movimentos sociais e sindicais. A emissora é mantida pela Fundação Sociedade, Comunicação, Cultura e Trabalho, entidade ligada aos sindicatos dos Metalúrgicos do ABC e dos Bancários de São Paulo. (Foto: reprodução logo; Fonte: Metrópoles)
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