O primeiro-ministro socialista espanhol, Pedro Sanchez, dissolveu o parlamento e convocou eleição nacional antecipada nesta segunda-feira (29), depois que os partidos de esquerda foram derrotados em uma votação regional, retratando a derrota como um voto de desconfiança debilitante em seu governo de coalizão.
A decisão foi tomada depois de o seu partido, o PSOE, ter sido derrotado pela direita nas eleições regionais e municipais. Ele perdeu para os conservadores em cinco das nove regiões autônomas que governava. Já o Partido Popular (PP, de direita) conquistou sete vitórias, duas delas com maioria absoluta, em Madrid e La Rioja.
Sanchez havia dito em várias ocasiões que queria cumprir um mandato completo e que as eleições aconteceriam em dezembro, perto do fim de sua presidência rotativa da União Europeia, que começa em 1º de julho.
Mas a escala da derrota de domingo, na qual o conservador Partido do Povo (PP) tirou até oito governos regionais dos socialistas, significou que Sánchez se sentiu compelido a “assumir a responsabilidade pessoal pelos resultados”, disse o primeiro-ministro.
“Todas essas razões me levam a buscar um esclarecimento sobre os desejos do povo espanhol, um esclarecimento sobre a direção política que o governo deve tomar e sobre as forças políticas que devem conduzir o país nessa fase.”, disse ele em um discurso televisionado que surpreendeu até mesmo alguns de seus aliados políticos.
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Na declaração, o premiê afirmou que tomou a decisão “considerando os resultados das eleições de domingo” e informou o rei Felipe VI da “decisão de dissolver o Parlamento e proceder à convocação de eleições gerais”, que serão realizadas “no domingo, 23 de julho”. As eleições legislativas espanholas estavam previstas para ocorrer dentro de seis meses, em dezembro. “…Creio que é necessário responder e submeter o nosso mandato democrático à vontade do povo.”
Os resultados de domingo indicam que o PP e o Vox, de direita, podem derrubar Sánchez e seu Partido Socialista dos Trabalhadores (PSOE) se reproduzirem esse desempenho no nível parlamentar nacional.
O que chama a atenção é que é incomum e pouco provável que um governo espanhol convoque uma votação instantânea após um desempenho ruim em uma votação regional.
Levando em conta a vitória da direita, o governante acredita que é necessário um esclarecimento dos espanhóis sobre as forças políticas que devem liderar esta fase. “O melhor é que os espanhóis tomem a palavra para definir os rumos políticos do país”, frisou. “Só há um método infalível para tirar essas dúvidas: a democracia. Creio que o melhor é que os espanhóis tomem a palavra para decidir o rumo do país”.
Sánchez justificou que “nesta altura da legislatura”, que está a seis meses do final, o governo que lidera já adotou a generalidade das reformas do programa com que tomou posse e outras que acertou com a União Europeia. A decisão de dissolver o Parlamento e antecipar as eleições deve também significar que Sánchez renuncia à presidência espanhola da União Europeia, que começa em 1º de julho.