O Supremo Tribunal Federal (STF), principal instância do Judiciário brasileiro, encerrou 2024 com um orçamento de R$ 897,6 milhões, valor que chama atenção quando colocado lado a lado com os gastos da Família Real britânica.
Liderada pelo rei Charles 3º, a instituição Real europeia consumiu o equivalente a R$ 645,1 milhões dos cofres públicos do Reino Unido no mesmo período — uma diferença de 39%.
Enquanto a Corte brasileira é composta por 11 ministros e cerca de 1.200 funcionários, a monarquia inglesa conta com 1.133 servidores, conforme dados compilados pelo site Business Insider e publicados pelo portal Poder360.
A disparidade reacendeu discussões sobre os custos do Judiciário no Brasil, especialmente após reportagens recentes exporem supersalários de até R$ 1 milhão pagos a juízes e desembargadores ao longo do último ano.
Os números do STF revelam que os gastos com pessoal são o maior peso nas contas da Corte. Em 2023, último ano com dados detalhados, 59% do orçamento foi direcionado ao pagamento de salários para os então 1.146 funcionários, segundo o relatório de gestão da instituição.
Para 2025, o tribunal já aprovou um orçamento ainda mais robusto, de R$ 953,9 milhões, sendo R$ 895 milhões reservados para despesas operacionais e R$ 59 milhões para encargos previdenciários.
Em resposta às críticas, o STF já havia se pronunciado em 2022, rejeitando comparações com a realeza britânica por considerar que “não fazem sentido” devido às funções distintas de cada entidade.
“O STF profere quase 100 mil decisões por ano, com repercussão direta na vida dos cidadãos, e atua em outras funções administrativas, jurisdicionais e institucionais, conforme Relatório de Atividades entregue anualmente pela Presidência do Tribunal ao Congresso Nacional na abertura do ano legislativo”, defendeu a Corte, enfatizando que sua gestão financeira segue critérios objetivos e é detalhada no portal de transparência online.
A discussão ganhou novo fôlego em 2025, com o presidente do STF, Roberto Barroso, abordando o tema na primeira sessão plenária do ano.
Ele reconheceu que alguns questionamentos sobre os custos do Judiciário são “justos”, mas ponderou que outros decorrem de “uma incompreensão do sistema da Justiça”. Barroso tem buscado rebater a percepção negativa, especialmente após a divulgação de casos de remunerações exorbitantes no meio judicial.
Do outro lado do Atlântico, os gastos da monarquia britânica, disponíveis no site oficial da instituição, servem como referência curiosa, mas o STF insiste que sua missão vai além de uma mera estrutura simbólica, abrangendo decisões que moldam o cotidiano nacional.
“A execução orçamentária é feita de forma absolutamente transparente, com informações disponíveis na página de transparência do tribunal na internet”, reiterou a Corte em sua defesa.