Uma coluna de Andreza Matais, publicada pelo portal UOL, indica que a recente crise envolvendo Janja da Silva, após um episódio com o presidente da China, Xi Jinping, trouxe, de forma inesperada, um alívio político ao governo Lula.
A situação, apesar de parecer inicialmente negativa, acabou desviando a atenção da opinião pública e da imprensa de um tema mais delicado: as acusações de fraudes relacionadas ao INSS que atingem a atual gestão federal.
“A crise política envolvendo a primeira-dama Janja da Silva foi a melhor notícia para o governo nas últimas duas semanas”, escreve Andreza, destacando a forma como o episódio acabou abafando o noticiário sobre o escândalo das irregularidades no sistema previdenciário.
Segundo a colunista, desde que ganhou repercussão a história sobre a suposta insatisfação de Xi Jinping com Janja por causa de um vídeo no TikTok, “o governo saiu das cordas, e o assunto Janja mudou a pauta do noticiário e da oposição.”
A mudança de foco foi tão evidente que, na entrevista coletiva concedida por Lula durante sua viagem à China, os jornalistas concentraram suas perguntas no episódio envolvendo a primeira-dama, e não nas denúncias sobre desvios de recursos no INSS.
A jornalista afirma que “até agora, o governo não conseguiu emplacar o discurso de que a fraude começou na gestão de Jair Bolsonaro,” o que teria contribuído para a queda na popularidade da atual administração. A repercussão negativa foi intensificada por mais um vídeo viral do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que tem utilizado as redes sociais para atacar o governo.
Ainda de acordo com a colunista, a oposição aproveitou o momento para alterar sua linha de atuação, passando a mirar Janja da Silva. “A oposição mudou o foco para criticar a primeira-dama — tudo o que o governo precisava para mudar de assunto,” pontua Andreza.
A crise também revelou tensões internas no Executivo. Conforme a reportagem, há insatisfação com o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinícius Carvalho, por ele ter assumido o protagonismo das investigações relacionadas ao INSS. Segundo a colunista, a CGU “é um órgão sancionador e não tem poder de polícia, o que cabe à Polícia Federal.”
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, não escondeu o incômodo com a condução do caso. Ele teria demonstrado descontentamento com o fato de o governo ter sido surpreendido pela operação. “A operação também teve como alvo apenas servidores nomeados a cargos de chefia pelo atual governo, sem atingir ninguém da gestão Bolsonaro,” observa Andreza.
Logo após esse episódio, Rui Costa passou a ser alvo de especulações envolvendo um possível vazamento da conversa entre Janja e o líder chinês. A informação causou mal-estar, especialmente porque o ministro já não é bem visto no Congresso, nem mesmo por parlamentares da base aliada.
“A solidariedade veio de governistas que, mesmo sem aprovar o estilo seco do ministro, o defendem nos bastidores sobre a acusação de vazador,” revela a colunista.
Em sua defesa, pesa o fato de que Rui Costa não costuma ter relações estreitas com a imprensa nacional, o que enfraquece a tese de que ele teria repassado informações à mídia.
A disputa entre CGU e outros órgãos do governo, que antes movimentava os bastidores da Esplanada, também foi abafada pela nova polêmica envolvendo Janja. A conclusão de Andreza Matais é incisiva: “Tudo o que o governo torce agora é para Nikolas fazer um vídeo sobre a Janja e o TikTok.”. E mais: Compras parceladas com Pix? Entenda novo recurso do BC. Clique AQUI para ver. (Foto: EBC; Fonte: UOL)