Foram instaladas, nesta quarta-feira (17), na Câmara dos Deputados, três comissões parlamentares de inquérito (CPIs). Elas vão investigar a atuação do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), a manipulação do resultado de partidas de futebol e uma possível fraude financeira na empresa Americanas.
MST
A comissão que vai investigar as invasões do MST será presidida pelo deputado Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS), que é oposição a Lula (PT), e terá a relatoria do deputado Ricardo Salles (PL-SP), ex-ministro do meio-ambiente do governo Bolsonaro.
Na 1ª vice-presidência foi designado Kim Kataguiri (União-SP). A 2ª vice será do Delegado Fábio Costa (PP-AL) e na terceira, Evair de Mello (PP-ES).
A atribuição da relatoria a Salles, que foi ministro do Meio Ambiente, gerou reclamações da deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP). Segundo ela, o regimento impede parlamentares de relatar matéria quando há ‘interesses pessoais’ envolvidos.
Bonfim alegou que Salles tem interesse econômico relacionado à pauta, em razão de ter entre seus financiadores usineiros e madeireiros. “Quando foi candidato a deputado federal em 2018, Salles fez campanha baseada na criminalização do MST. Na época, ele foi investigado porque dizia abertamente que iria fuzilar os militantes do movimento”, disse a parlamentar, que teve questionamento rejeitado pelo presidente do colegiado.
Quem são os financiadores de campanha de Ricardo Salles? Qual foi a defesa dele nos últimos anos, contra o MST? Ele responde por crimes contra o meio ambiente e precisa estar longe deste colegiado”, afirmou a parlamentar.
O pedido de impedimento do ex-ministro de Bolsonaro foi negado por Zucco. Durante todo o tempo em que foi acusado pela governista, Salles se manteve sorrindo. Em seu pronunciamento, o ex-ministro disse que a análise sobre os fatos será “técnica”.
Por sua vez, Salles disse que “será um trabalho técnico, objetivo e com imparcialidade. Esperamos contar com a ajuda daqueles que são favoráveis à Reforma Agrária. Daremos o máximo espaço para o diálogo e pretendemos esclarecer a verdade por trás da discussão sobre a invasão de propriedades.”.
Na sequência, o deputado Éder Mauro pediu o direito de fala e definiu a atuação do MST como “criminosa”.
“MST é organização criminosa que age com suborno, invasões e ataques. Os financiadores dessa turma precisam ser investigados.”.
Sâmia, mesmo sem ter o microfone aberto, retrucou: “O senhor defende a tortura e vem falar mal de movimento social?”, questionou, em relação a uma investigação, à qual Éder Mauro foi submetido por suposto crime de tortura. Entretanto, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) julgou improcedente a ação que o acusava. Assista abaixo!
Líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu (PR) anunciou os escolhidos pelo partido para duelar com bolsonaristas na CPI do MST: Padre João (MG), Nilto Tatto (SP), Valmir Assunção (BA), Paulão (AL), Gleisi Hoffmann (PR), João Daniel (SE), Dionilso Marcon (RS) e Camila Jara (MS) foram os designados. Desses, Marcon, Assunção e Daniel são nomes ligados diretamente ao MST.