Deputados que integram a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga ações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) aprovaram nessa terça-feira (20) requerimento de convocação de João Pedro Stédile, líder do movimento, para prestar depoimento. A data do depoimento ainda não foi marcada.
Também foi aprovada a convocação de José Rainha Júnior, que é líder Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL), outra organização que não tem relação com o MST.
Instituída há quase dois meses, a CPI do MST é vista pelo movimento como uma tentativa de ‘criminalizar’ a luta ‘social’, além de uma forma de atacar o governo Lula.
O grupo reclama também que, desde 2003, o MST já foi investigado em quatro comissões de inquérito no Congresso Nacional, sendo a primeira a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Terra, que funcionou entre 2003 e 2005.
Um outro requerimento, que previa a convocação do ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, foi retirado de pauta, a pedido do autor, deputado Evair de Melo (PP-ES), após um acordo no colegiado. Apesar disso, na sessão desta quarta-feira (21) ou na semana que vem, o requerimento poderá ser novamente analisado pela comissão, que tem maioria de integrantes da oposição. Costa foi governador da Bahia entre 2014 e 2022.
Em nota oficial divulgada nesta quarta-feira (21), o MST reclama que a convocação de Stedile, integrante da Coordenação Nacional do Movimento, foi feita por parlamentares ligados aos ‘ruralistas e ao bolsonarismo’.
O texto cita que o economista é reconhecido em todo o mundo como ‘referência’ nas discussões sobre a questão agrária e o combate às injustiças sociais.
“A CPI do MST, cada vez mais, tem se revelado uma cortina de fumaça para tentar apagar os crimes e o triste legado de destruição ambiental, assassinatos no campo e ódio de classe do bolsonarismo”, afirma a nota do movimento.
Até o momento, a maior parte dos requerimentos pautados e aprovados é de deputados do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do relator, deputado Ricardo Salles (SP). A situação reflete a composição da CPI, na qual somente 7 dos titulares são da base de partidos aliada ao governo petista.