O coração do imperador Dom Pedro I virá de Portugal ao Brasil para a festa do bicentenário da Independência, em 7 de setembro. O pedido do governo federal foi aceito pelo presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira após análise técnica. O órgão está armazenado na cidade portuguesa.
A viagem foi debatida por um mês entre os dois países, e a decisão foi tornada pública nessa quarta-feira (22), em conferência de imprensa, por Moreira, que apontou que o traslado temporário ainda depende de garantias de transporte e conservação que terão de ser acertadas entre os governos dos dois países.
A preciosa relíquia guardada pela cidade terá de viajar em “transporte em ambiente pressurizado”. A autorização dada pela autarquia (e pela Irmandade da Lapa, da Igreja que guarda o tesouro) teve de esperar por uma avaliação científica do Instituto de Medicina Legal do Porto. Temia-se que a viagem pudesse danificar, de forma irremediável, o frágil e histórico órgão. O coração está conservado há quase dois séculos.
O estudo envolveu também pesquisadores da Universidade do Porto, com vários especialistas das áreas da genética e da anatomia. “O relatório da perícia ainda não está totalmente concluído, mas já nos foi assegurado que o coração poderá ser transladado temporariamente para o Brasil”, confirmou Rui Moreira.
História Real
O coração do imperador está protegido e guardado em formol numa igreja ao norte da cidade do Porto. A última aparição pública do órgão aconteceu durante a gravação de um documentário em 2015.
As tratativas começaram há alguns meses, quando o embaixador brasileiro George Prata confirmou a oficialização do pedido a Portugal para o traslado do coração de D. Pedro, o monarca que declarou a independência do Brasil em 1822.
Símbolo da autonomia brasileira, o Imperador tem também em Portugal uma enorme legião de fãs, desde que foi o líder da resistência do Porto aos absolutistas. Assim, a seu pedido, o coração permaneceu na cidade — e os seu corpo foi levado para o país que ajudou a tornar independente.