Um dos temas da reunião entre Lula (PT) e o conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, na reunião de segunda-feira (5), em Brasília, foi o deslocamento de parte das cadeias de valor industriais da China para o Brasil, para suprir o mercado americano. Entretanto, especialistas americanos não veem chance de isso acontecer. As informações são da CNN Brasil.
Lula (PT) e o conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, tiveram reunião, nessa segunda-feira (5), em Brasília. Segundo reportagem da CNN, em seu portal de notícia, um dos temas tratados foi a possibilidade de deslocamento de integrar o Brasil às cadeias de valor.
Resumidamente, isso significa deslocar parte da produção de empresas americanas hoje realizadas na China para o Brasil, um país mais próximo geograficamente dos EUA. Há algum tempo os americanos procuram uma forma de não serem tão dependentes dos chineses.
Entretanto, segundo a CNN, a chance disso acontecer é nenhuma. Segundo fontes ouvidas pela emissora, o principal motivo é o “ambiente de negócios muito desfavorável”. Ou seja, a união de incertezas políticas a partir de 2023 aliadas à velha burocracia, ao custo Brasil, à CLT com regras que não se adequam aos tempos atuais, entre outros problemas, afasta investidores.
“O ambiente de negócios do Brasil é visto por fontes americanas ouvidas pela CNN como muito desfavorável, e, além disso o país fica mais distante dos Estados Unidos do que outras opções para fazer os chamados friend-shoring e near-shoring — a instalação de plantas manufatureiras em países amigos ou países próximos, respectivamente”, diz a reportagem, assinada pelo jornalista Lourival Sant’Anna.
Lourival, segundo sua fonte, revelou um caso que reflete bem as dificuldades que qualquer empresário, do menor ao maior, nacional ou estrangeiro, enfrenta no país: “Uma empresa americana enviou um produto (ao Brasil), que foi retido na Alfândega do Aeroporto de Guarulhos, porque ele não era perfeitamente idêntico à descrição no “manifesto”, o documento de importação. A retenção em si não teria acontecido em outros países, porque as discrepâncias eram irrelevantes. A empresa recorreu, mas Receita Federal passou a cobrar multa, que foi se avolumando ao longo da retenção. Mesmo quando a empresa aceitou pagar a multa, não conseguia mais retirar o documento, por ter entrado com o recurso. O drama se estendeu por dois anos e a multa ganhou um valor significativo, gerando prejuízo para a empresa”.
“As empresas vão dizer: ‘Para que vou querer levar as cadeias de valor para um país complicado e distante como o Brasil, se posso fazer isso em ambientes de negócios mais convidativos e mais próximos dos Estados Unidos?’”, prevê a especialista ouvida pela reportagem.
Mas se um país tem problemas, a tendência de uma boa gestão política é sempre melhorar o ambiente de negócio. Entretanto, não é o que os americanos esperam de Lula (PT). Uma diplomata ouvida pela reportagem acredita que esses deslocamentos (de produção da China para outros países) devem ser feitos prioritariamente para países latino-americanos que já têm acordos de livre comércio com os Estados Unidos, como o México e a Colômbia, por exemplo. “Não existe ambiente político nos Estados Unidos para novos acordos de livre comércio e nem o governo Lula parece inclinado para isso”.
Outra analista acredita que o Brasil está muito longe de seguir os padrões da OCDE, mesmo com o governo Bolsonaro-Guedes nos últimos anos cumprindo as metas estabelecidas pela organização e estipulando prazos para aquelas ainda não realizadas.
Mas, diz a reportagem, “a resistência de Lula e do PT às reformas” exigidas pela OCDE torna a distância de uma aproximação comercial entre Brasil e Estados Unidos “maior ainda”. E veja também: Senado aprova ‘PEC da Transição’ com impacto de mais de R$ 200 bi. Clique AQUI para ver.
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